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Violência contra a mulher e resgate da cultura raiz marcaram edição de 2020 da Festa de Santa Cruz de Anna Rosa

Emoção, espiritualidade e reflexão sobre a necessidade de a sociedade combater o feminicídio marcaram a Missa de Santa Cruz de Anna Rosa, celebrada no último domingo, 27, com a participação, em sistema de drive-in, dos fiéis da comunidade de São Pio X e também de outras regiões de Botucatu.. Foi o encerramento da programação da Festa de Santa Cruz de Anna Rosa, realizada desde o dia 10 de setembro com diversas atividades online, devido à pandemia do COVID-19.

Durante a missa de domingo, foi feita uma homenagem ao padre Orestes Gomes Filho, grande incentivador desta cultura raiz na cidade, falecido em março deste ano. Uma comitiva de cavaleiros coordenada por Felipe Longo esteve presente e entregou, ao seu irmão, Ernesto Gomes, uma foto da participação do padre Orestes na Missa de Santa Cruz de Anna Rosa de 2019. Também estiveram presentes os homens da Irmandade do Divino.

O ministério da música ficou a cargo dos representantes da Capela de São Francisco, vinculada a Paróquia de São Pio X, com a participação da dupla João Vitor & Gabriel, além da Karoline Violeira. Todas as músicas cantadas durante a missa foram executadas e cantadas em ritmo sertanejo raiz, como forma de valorizar a cultura caipira na cidade.

Após a celebração aconteceu um almoço tropeiro (com entregas drive-thru) organizado pela equipe do Joãozinho, da transportadora Aquariun, e também puderam ser adquiridos os tradicionais Bolos de Pote da Nice.

Neste ano, devido à Pandemia, a festa diferente, mas refletindo com profundidade os temas: Feminicídio e a Música Raiz através de Lives. “A cruz nos motiva a dar o nosso melhor… como Jesus deu! Sim, eu amo a mensagem da cruz! Ela é rejeitada por muitos, mas fala de salvação, conforto e desafio. É preciosa e insubstituível!”, declara padre José Francisco Antunes, o padre Chico, pároco da Paróquia de São Pio X.

Relembre a história de Anna Rosa

Na manhã do dia 22 de junho de 1885, um fazendeiro cavalgava por Botucatu, quando o animal, inesperadamente, o conduziu para um terreno nos arredores do município, próximo ao Rio Lavapés. Ali, o homem encontrou abandonado o corpo de uma mulher mutilada, sem os seios, orelhas, lábios, dedos e língua.
Graças a uma escrava fugida que viu o crime, escondida, foram reconhecidos assassino e vítima: a jovem era Anna Rosa, de 20 anos, e seu algoz era o próprio marido, Francisco Carvalho Bastos, conhecido como Chicuta, um influente carreiro com idade entre 40 e 45 anos.
A tragédia de Anna Rosa chocou a pacata Botucatu do século 19, que compareceu em peso no seu enterro. Mais de 130 anos depois, o túmulo da moça – uma construção rosa modesta localizada no Cemitério Portal da Cruzes – ainda é preservado pelos moradores da cidade.
Mais que empáticos à tragédia da jovem, muitos ali são devotos de Anna Rosa, considerada milagreira na região. Seu túmulo tem centenas de placas em agradecimento de pessoas que afirmam ter alcançado graças por intercedência dela.

De milagreira à moda de viola

Por mais de 70 anos, a história de Anna Rosa foi passada de geração em geração de forma oral, até que, em 1957, a dupla sertaneja Tião Carreiro e Pardinho gravou uma música que conta a tragédia da jovem, descrevendo Chicuta como um “caipira bastante atrasado” que “batia na pobre mulher com a vara de ferrão de bater no gado”. Intitulada Anna Rosa, a composição é do músico Carreirinho, nascido em Bofete.

Redação 14 News

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