De janeiro a agosto deste ano o Estado de São Paulo registrou 2.026 mortes no trânsito com 35.343 feridos. Em Botucatu, foram 9 óbitos e 180 feridos no mesmo período.
São várias as histórias de pessoas que tiveram perdas de parentes ou sequelas importantes que limitaram a vida.
Uma das histórias retratadas pelo 14News foi do açougueiro José de Oliveira Neto, morador de Botucatu. Ele se arrepende de ter ficado entre a vida e a morte muitas limitações como nos seus movimentos e na fala por conta de acidente de moto.
“Hoje já no Brasil está impossível se ver boas ações no trânsito, infelizmente a sociedade está completamente perdida no fator, cuidar do próximo. Somente no início do ano, antes mesmo da crise pandêmica tivemos mais de duas mil mortes por homicídio culposo e doloso, isso somente no estado de São Paulo. Hoje eu tenho outra visão sobre o assunto vida e trânsito, hoje eu posso lhes dizer o quanto fiz coisas erradas no trânsito”, comentou ao 14news.
O jovem diz que se arrepende do acidente que se envolveu. “Eu não tinha respeito ao próximo, eu andava sempre de maneira adequada perante a lei, porém não era daquela forma que eu me portava. Hoje tenho outra visão, uma visão surpreendente, uma maneira de me comportar, digna e com empatia aos motoristas, a única coisa que peço a você leitor e motorista, por favor dê valor a vida”, diz José Neto.
Além da limitação física, ele diz que acabou até com problemas com liberação de benefício no INSS. “Na questão do INSS há cinco meses estou recebendo (não o valor completo) uma porcentagem, porém vai ser vitalício, posso trabalhar. Estou bem, estudando, para isso também, voltar a sociedade cível e trabalhar”.
Sua história
Nosso personagem desse retrato real teve que reaprender a viver, já que depois de sofrer um acidente de moto – por um milagre – não ficou em estado vegetativo e reaprende a viver dia após dia.
Ele chegou ao hospital desacreditado. Não imaginavam que voltaria a andar, falar ou retomasse qualquer atividade de antes, mas apesar da gravidade do seu acidente e do trauma, até voltou a dirigir.
José pediu ajuda para um profissional que trabalha com pessoas já habilitadas e que não conseguem mais pilotar. “Conheci o professor (Emerson) Gamito há uns 5 anos. Ele ajudou minha ex-esposa a voltar ao trânsito. Eu já era motorista, e sempre levei a sério conduzir carro e moto. Sempre andei da forma mais segura, como de carro por exemplo, e já pilotava moto. Eu respeitava e respeito muito os motociclistas. E quando pilotava por exemplo, segurança na moto era um vício para mim. Nunca saí sem prender o capacete da forma correta”, cita.
O ACIDENTE
“Bati a moto na lateral de um caminhão-caçamba. Eu estava do lado direito da rodovia Castello Branco entre os kms 148/149. Segundo o motorista do caminhão-caçamba, na minha frente estava um caminhão-pipa dando seta para adentrar ao posto de gasolina. Isso deixou o motorista do caminhão-caçamba no ‘ponto cego’. E como eu estava atrás do caminhão-pipa, também não pude ver o caminhão-caçamba adentrando na rodovia. Infelizmente foi uma “fatalidade” e segundo o motorista do caminhão-caçamba eu ainda olhei para a pista da esquerda para não causar um acidente que envolvesse mais carros, e graças a Deus, não tinha nenhum carro na via rápida (esquerda), pois fui arrastado para o acostamento do lado esquerdo. Graças a Deus agora estou bem melhor, pois os dizeres dos médicos eram: “ELE NÃO VAI ANDAR OU FALAR E NEM LEMBRAR DE NINGUÉM”. E se não é o médico dos médicos – “Deus” – eu não estaria relatando este fato”, contou o açougueiro.
Hoje o jovem tem dificuldade na fala, porém mesmo assim se comunica e conversa. Tem certa dificuldade em algumas palavras. Quando vai fazer tarefas do dia a dia, como cortar carne, não o faz mais com a celeridade que tinha. A vida mudou, mas a cada dia vai superando limites colocados pelo acidente. Um lado do corpo ficou bem restrito por ter lesionado o cérebro. Ocorre de se esquecer de algumas coisas, mas vai adaptando com anotações no celular. Passou a ser um exemplo de superação e ainda de alerta: mesmo quem toma muito cuidado deve sempre ficar atento, pois os acidentes podem surpreender qualquer um.
Hoje, José é o primeiro secretário do “CMPD” (Conselho Municipal de Pessoas com Deficiência). Faz parte do Projeto Missões e foi há quinze dias para o Paraguai a aldeias levar alimentos e roupas. A palavra de Deus é o foco. Em Botucatu a equipe ajudou muitas pessoas.