Em cerimônia realizada na manhã da última sexta-feira, 16 de junho, na Sala da Congregação da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/Unesp), o professor titular do Departamento de Infectologia, Dermatologia, Diagnóstico por Imagem e Radioterapia, Sílvio Alencar Marques, recebeu o Prêmio Professor Mário Rubens Guimarães Montenegro. A honraria, instituída neste ano, marca o centenário de nascimento do Professor Montenegro e faz parte das comemorações dos 60 anos da FMB. Ela passará a ser entregue anualmente a um docente que tenha se destacado em atividades de ensino, pesquisa, extensão e/ou gestão.
Ao parabenizar o homenageado, a professor Maria Cristina Pereira Lima, diretora da FMB, relembrou que junto com o Professor Sílvio integrou o grupo que em 1984 percorria as unidades da Unesp em busca de adesão ao movimento por eleições diretas para presidente. “Depois ao longo da formação tive a oportunidade de conhecer sua generosidade e seu compromisso com os pacientes e com os alunos. Naquela época a epidemia de AIDS estava no início e me recordo do seu cuidado e respeito com cada um dos pacientes que acompanhava. Minhas palavras são de gratidão por tudo que o professor Sílvio representou e representa para nós”.
Destacada para falar sobre o patrono do prêmio, a professora Luciane Alarcão Dias-Melicio, chefe do Departamento de Patologia, afirmou que a ocasião é marcante para refletir sobre a participação do professor Montenegro no processo de formação da faculdade e do departamento. “O Professor Mário Rubens Guimarães Montenegro, em sua trajetória de vida, personificou a essência do conhecimento, da paixão pela medicina e do compromisso com o ensino e a pesquisa. Sua sabedoria e habilidade em transmitir conhecimento foram inspiradoras para inúmeras gerações de profissionais e cientistas. Como mentor, ele guiou seus alunos na compreensão da complexidade das doenças, incentivando-os a explorar novos horizontes e buscar respostas para os desafios mais urgentes”.
Segundo ela, além de suas qualidades como educador, o Professor Montenegro também se destacou como um pesquisador notável. “Seu trabalho pioneiro e suas contribuições científicas foram fundamentais para avançar a compreensão dos temas estudados. Sua busca incansável pela verdade científica e seu compromisso com a melhoria do ensino deixaram um legado duradouro”, completou.
Coube à professora titular Jacqueline Costa Teixeira Caramori, vice-diretora da FMB, apresentar as credenciais que levaram o professor Sílvio a ser escolhido para receber o prêmio. Filho da professora de Ciências, Maria Alencar Marques e do professor de português, Adelino Moreira Marques, Sílvio ingressou no curso de Medicina da antiga Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu em 1968, compondo a sexta turma. Dedicou 45 anos de sua vida em regime de tempo integral a carreira docente, entre os anos de 1978 e 2022.
O prêmio – o 18º em sua carreira – enaltece sua trajetória acadêmica marcada por grandes contribuições e alta produtividade, que inclui 63 capítulos de livros e 173 publicações e o coloca entre 2% dos cientistas mais citados em 2021 pelo ranking da Universidade de Stanford e Editora Elsevier.
“Sua prática extensionista teve o selo de um dos mais relevantes problemas de saúde pública do mundo: a AIDS. Fez isso ao sair da universidade e levar conhecimentos, práticas e atitudes para professores da rede de ensino e servidores das unidades básicas de saúde, em encontros, rodas de conversa e palestras. Sabemos que não buscou registrar isso no Currículo Lates, porque simplesmente considerou ser um dever em uma pandemia desde o seu surgimento, há 41 anos. Fez isso pelo combate às desigualdades e estigmas que acompanham essa emergência de saúde pública”, relatou Jacqueline.
Sílvio já demonstrava ser vocacionado para o ensino durante a graduação, sendo monitor de Patologia por três anos e conquistando a admiração do Professor Montenegro. A residência em Dermatologia foi marcada por luta, reivindicações e exigências por melhorias, que o levaram à presidência da Associação dos Médicos Residentes. Aperfeiçoou seus conhecimentos sobre ensino médico na Universidade de Illinois (EUA). Ao voltar foi o coordenador do Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP). Participou da restruturação curricular da Medicina, contribuiu no PROMED e junto a Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Bastante emocionado, ao receber a honraria das mãos da professora emérita do Instituto de Biociências de Botucatu (IBB), Edy de Lello Montenegro, o homenageado disse que teve a honra de conviver e ser discípulo do Professor Montenegro, com quem aprendeu muito. “Esse prêmio não poderia ter outro nome por tudo que o professor Montenegro representa. Acho justo que a instituição identifique e homenageie os servidores que se comprometem com ela. Claro que cada um de nós deve cuidar de seu currículo pessoal, investir nele, mas não podemos deixar de lado o currículo da instituição, fazer o possível para prestigiá-la, aumentar a qualidade da mesma e divulgá-la intra e extramuros”.
Sílvio disse que a indicação para o prêmio pode ser creditada a sua família, aos seus mestres, as gerações de estudantes e residentes por suas contribuições, companheirismo e estímulo, aos milhares de pacientes e ao Departamento de Dermatologia. “Não há espaço melhor de trabalho e de amizade que o departamento que a Dra. Neusa criou”, afirmou.
Ao final de seu discurso, agradeceu a professora Mariangela Esther Alencar Marques. “Nossos filhos, nossos sobrinhos são todos coautores de tudo que fiz até hoje. Metade do que eu fiz devo a ela”, encerrou.