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Unesp de Botucatu recebe medicamentos e testes para a Covid-19 da Rússia

Uma colaboração entre unidades da Unesp, Governo Estadual do Amapá e Programa Brasil Mata Viva (BMV) vai permitir que Botucatu receba medicamentos e testes diagnósticos para detecção de anticorpos contra o coronavírus SARS-CoV-2 doados pelo Centro Político-Social da Rússia.

O lote de materiais enviado pela Rússia é formado pelos medicamentos Molixan e Tubociclin (em quantidade necessária para o tratamento de 90 pacientes cada um), além de 35 kits de testes para os anticorpos. Os medicamentos foram testados na Rússia com resultados promissores. O país teve uma das menores taxas mundiais de letalidade pela pandemia de Covid-19.

Apesar dos excelentes resultados e da aprovação inclusive da Food and Drug Administration (FDA), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, a utilização dos medicamentos depende da observância adicional de protocolos e diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para terem seu uso autorizado no Brasil.

Rede de contatos

O recebimento dos testes e medicamentos surgiu a partir da parceria entre a Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, câmpus de Botucatu e o BMV, programa que promove parcerias em várias regiões do mundo prol do desenvolvimento sustentável e envolve uma rede de empresas, produtores rurais e cientistas para viabilizar remuneração financeira pelo desenvolvimento de projetos de preservação e conservação ambiental. Com a intermediação da Agência Unesp de Inovação (AUIN) e IMEI Consultoria, empresa idealizadora do programa, gerida pela CEO Maria Tereza Umbelino de Souza, a FCA/Unesp tornou-se a instituição coordenadora das atividades técnicas e científicas do BMV a partir de 2010.

Em 2018, o Estado do Amapá aderiu ao BMV, pela instituição do Programa Tesouro Verde, voltado para o desenvolvimento econômico sustentável da região, com a adoção das diretrizes do projeto como política pública, por meio da agricultura de conservação de florestas nativas. Em 2019, o Amapá firmou um Acordo de Cooperação com Centro Político-Social da Rússia, envolvendo intercâmbios acadêmicos e questões ambientais. Diante da gravidade da pandemia de Covid-19 em território amapaense, a instituição russa ofereceu ao parceiro o lote de medicamentos e testes diagnósticos para a Covid-19.

Com a chegada do material doado ao Brasil, foram realizadas reuniões técnicas entre autoridades sanitárias do Amapá, inclusive com a participação de equipes médicas da Rússia, para analisar os passos necessários para a realização de testes clínicos e o subsequente aproveitamento da ajuda internacional, atendendo a regulamentação federal. Os participantes das reuniões técnicas concluíram pela inexistência de estrutura laboratorial no Amapá, para a realização de testes clínicos e a adequada utilização dos medicamentos.

As autoridades do Amapá, com a devida ciência e anuência do Centro Político-Social da Rússia, identificaram a possibilidade da parceria com o BMV e a FCA/Unesp estender-se também à Faculdade de Medicina da Unesp, câmpus de Botucatu, considerando a existência da Unidade de Pesquisa Clínica (Upeclin), além de infraestrutura laboratorial e recursos humanos com competência para a condução de ensaios clínicos na área médica.

“Ao nos certificarmos que, lamentavelmente, não teríamos estrutura para trabalhar com esse material, buscamos encontrar instituições capacitadas para utilizá-lo. É uma oportunidade de associarmos pesquisa acadêmica e ajuda humanitária internacional para salvar vidas no enfrentamento à pandemia, bem como fortalecer as parcerias institucionais com a Unesp”, diz Eduardo Corrêa Tavares, Secretário de Planejamento do Amapá. “Sabemos que a Unesp é uma referência em várias áreas do conhecimento e acreditamos que esse medicamento estará bem destinado. Além disso, é uma forma de reconhecer todo o trabalho feito pela Unesp na área ambiental e que tem beneficiado muito o nosso Estado”.

Iraê Amaral Guerrini, professor da FCA e coordenador do Programa Brasil Mata Viva pela Unesp, juntamente com o professor Carlos Alexandre Crusciol, ressalta a importância dos contatos e das parcerias para a obtenção da doação. “Toda essa rede de contatos funcionou como um ecossistema equilibrado e deu frutos importantes. Ficamos felizes pelo empenho de todos os envolvidos e por poder colaborar com nossos colegas da área da saúde”. 

A diretora da Faculdade de Medicina da Unesp, professora Maria Cristina Pereira Lima, complementa: “A pandemia é grave e triste. Mas tem sido também a oportunidade de construir novas parcerias e de exercitar a solidariedade. A Faculdade de Medicina agradece todos os envolvidos nessa iniciativa. Temos ainda alguns procedimentos burocráticos e outros técnicos pela frente, mas vamos adiante com esse desafio”.

Unesp e Governo do Amapá estão em tratativas para viabilizar a doação do material e decidir questões relativas à logística necessária para a entrega dos medicamentos em São Paulo. Paralelamente, os especialistas da Unesp, sob a coordenação dos professores Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza (Departamento de Infectologia, Dermatologia, Diagnóstico por Imagem e Radioterapia da Faculdade de Medicina) e Rejane Tommasini Grotto (Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia da FCA), se preparam para realizar os devidos testes clínicos que permitirão a utilização do material recebido.

Redação 14 News

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