Uma das partes mais importantes do sistema digestivo, o intestino é considerado, por muitos especialistas, como o “2º cérebro” do corpo humano, dada a sua capacidade de funcionar independentemente dos estímulos cerebrais.
Todos os anos, o mês de maio é dedicado à conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), alertando, principalmente, para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para o controle do processo inflamatório e a prevenção das complicações.
Estas doenças acometem 1% da população mundial, com um aumento da incidência nas ultimas décadas, ocorrendo 100 casos entre 100 mil habitantes, deixando de ser uma doença rara (prevalência menor do que 65 casos a cada 100 mil habitantes). O público mais jovem, entre 17 e 40 anos, é o mais atingido por estas doenças.
Segundo Dr. Rogério Saad-Hossne, um dos médicos responsáveis pelo Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), chefe do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina de Botucatu | Unesp e presidente da Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite (GEDIIB), existem duas doenças principais que afetam o intestino: a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa.
“A diferença principal entre elas está no local em que se instalam e na profundidade da inflamação. A doença de Crohn acomete qualquer região da boca ao ânus, podendo complicar com ligações e estreitamentos por atingir todas as camadas do intestino. Já a retocolite é uma inflamação restrita à mucosa e submucosa (camada mais superficial) do reto e do intestino grosso e, na forma mais grave, pode necessitar de cirurgia de retirada desta parte do intestino”.
Dor abdominal, diarreia, muco e sangue nas fezes são os principais sintomas destas doenças. Nas formas mais graves, o paciente pode apresentar perda de peso e febre, chegando à necessidade de procedimentos cirúrgicos. A colonoscopia com biópsia é considerado o principal método para se estabelecer o diagnóstico, além de exames de sangue, fezes, tomografia e ressonância magnética.
O Ambulatório de DII do HCFMB foi criado na década de 1990 pelo Prof. Carlos Roberto Victoria. Após a sua aposentadoria, passou a ser coordenado pela Dr.ª Ligia Yikie Sassaki, do Departamento de Clínica Medica, a quem coube implantação e organização da equipe multidisciplinar em DII, sendo composta por médicos gastroenterologistas clínicos, coloproctologistas, enfermeiras, nutricionistas e psicólogas.
Dr. Rogério aponta que, hoje, o serviço é um dos centros de referência nacional e internacional no atendimento dos portadores de DII, graças à dedicação da equipe. Todos os meses, são atendidos cerca de 120 a 140 pacientes portadores de DII nos Ambulatórios, Centro de Infusão, Enfermarias e Pronto-Socorro, além da realização de cirurgias.
Como as DIIs são consideradas crônicas, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para uma melhor qualidade de vida dos pacientes. “O segredo do tratamento da doença é o diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado com a melhor opção terapêutica disponível, baseada na extensão e na gravidade da doença”, finaliza Dr. Rogério. (Maíra Masiero – Relações Públicas – GCIM HCFMB).