A região de Marília registrou avanço na valorização da vida, conforme dados mais recentes divulgados pela Fundação Seade. O alerta para os casos de suicídio, porém, está mantido e as iniciativas de fortalecimento da saúde mental prosseguem. Profissionais que abordam prevenção recomendam o diálogo como principal forma de combater esse mal.
Em 2016 a Fundação Seade divulgou o SP Demográfico, que constatou índice de suicídios de 8,6 a cada 100 mil habitantes na região administrativa de Marília (formada por 51 municípios). Os dados tiveram como base os anos de 2013/2014.
Os números mais recentes, atualizados no banco de dados do órgão, apontam que nos anos de 2015/2016 esse índice caiu para 7,36 a cada 100 mil moradores. Com isso, em dois anos, a região de Marília saiu da segunda para a terceira posição entre as 16 regionais administrativas do Estado de São Paulo.
Considerando apenas o município de Marília, a taxa é uma das mais baixas da região. Em 2015 foi de 6,68 a cada 100 mil habitantes, caiu para 3,54 em 2016, oscilou para 5,14 no ano seguinte e fechou em 4,85 em 2018.
ANÁLISE
Embora difundida, a versão de que a cidade tem altos índices e “lidera ranking” nunca foi verdadeira. Trata-se, na verdade, de uma leitura inadequada, atribuindo apenas à cidade um dado que é regional.
A psicóloga Simone Alves Cotrim Moreira, supervisora do Programa de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde de Marília, afirma que os indicadores são incapazes de refletir o drama das vítimas e a complexidade do problema que exige participação de toda sociedade.
“Os números são balizas importantes, mas não direcionam isoladamente o trabalho que temos feito. A rede de saúde mental de Marília melhorou muito em Marília nos últimos anos como resultado de uma política pública mais comprometida, madura e responsável”, acredita Simone.
PREVENÇÃO
A psicóloga alerta que as pessoas mais vulneráveis, geralmente, falam sobre morte e suicídio com alguma frequência. “Relatam falta de esperanças, culpas, evidenciam falta de autoestima e têm visão negativa da vida e do futuro”, exemplifica Simone.
Essas ideias, segundo ela, podem estar expressas em imagens, textos ou fotos. Nas redes sociais, mensagens podem ser sinais de alertas. O isolamento também é apontado como um indicador de perigo.
“Precisam valorizar mais algumas falas, como por exemplo, ‘vou desaparecer’, ‘vou deixar vocês em paz’, ‘eu queria poder dormir e nunca mais acordar’. Quem fica repetindo estas frases, está pedindo ajuda.Precisamos estar alertas a estes sinais”, destaca a psicóloga.
CVV
O Cento de Valorização da Vida (CVV) atende pessoas que estão em sofrimento psíquico e querem conversar. A organização presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional, favorecendo também à prevenção do suicídio sob total sigilo e anonimato. O telefone é o 188.
(com assessoria)