Rafael Cervone*
A pandemia trouxe para o mundo um senso de urgência nos processos de digitalização em todos os setores, especialmente no da indústria. Tudo o que representava um passo a ser dado no futuro, apenas mera intenção, acabou se tornando premente.
Na área industrial, automatizar processos, digitalizar o controle da produção e integrar setores com tecnologia e inteligência não é algo simples. Com razão, por vezes, gestores e empresários sentem-se acuados na hora de tomar decisões porque tudo o que é novo tende a nos assustar e porque modernizar processos pode soar, num primeiro momento, como mexer em um time que está ganhando.
O fato é que quando essa mesma indústria olha ao seu redor, logo se dá conta de que o mundo está em célere transformação e as empresas do setor estão se tornando cada dia mais competitivas, melhorando sua capacidade produtiva e barateando processos com o auxílio da tecnologia.
Grandes indústrias têm, normalmente, recursos financeiros para investir nessa modernização contínua, que acontece de modo mais natural. Entretanto, as micro, pequenas e médias, por terem um caixa mais tímido, comumente acabam ficando à margem dessa mudança. Muitas passam a ver a tecnologia como um fantasma que ronda a perenidade de seus negócios. Um levantamento da ABDI (Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial), mostrou que 66% das indústrias do País ainda estão no nível analógico ou, no máximo, emergente, quando poucas ações efetivas foram feitas quanto à implantação de novas tecnologias.
Sensíveis a todos os desafios, especialmente no pós-pandemia, o Senai, o Sebrae, o Ciesp e a Fiesp uniram-se em torno de um novo programa chamado Jornada de Transformação Digital, que visa dar todo apoio para que indústrias com faturamento de até R$ 8 milhões possam também se modernizar e se tornar mais competitivas. É o maior programa de digitalização do setor no Brasil e uma iniciativa ousada até mesmo para padrões internacionais.
Na prática, as empresas inscritas receberão suporte técnico de consultores do Sebrae e do Senai e terão a oportunidade de passar por uma “repaginada”, que abrangerá desde a revisão do modelo de negócios, manufatura enxuta e eficiência energética até a automação e a implantação de tecnologias habilitadoras da Manufatura Avançada. Na etapa-piloto do programa, as participantes incrementaram sua produtividade em mais de 40%.
Desde junho, estamos percorrendo nossas 42 regionais do Ciesp para apresentar pessoalmente o programa às indústrias. Com nosso roadshow, evento itinerante, já lançamos a jornada nas regiões de Rio Claro, Botucatu, São José dos Campos e Indaiatuba. Não vamos parar por aí. Em agosto, por exemplo, a jornada chega a Jundiaí, com apoio de Bragança Paulista (dia 31). Em setembro, serão mais três regiões: São Carlos, com apoio de Araraquara, Matão e São João da Boa Vista (2); Americana (9); e Campinas (28). A capital (4), Diadema (6) e Sorocaba (18) receberão o evento em outubro.
A meta é alcançar 40 mil indústrias nos próximos quatro anos. Nosso esforço é para que todos possam conhecer a oportunidade e se beneficiar dela. Queremos passar por tal transformação juntos, da maneira mais eficaz, segura e vantajosa para nossas indústrias.
*Rafael Cervone, empresário, é presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).