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Temas 14News: neste mês site debate sobre “Adultização”

-Renato, autor do artigo. (Foto: Demétrius Leite-GEB).

Adultização: processo de querer acelerar o desenvolvimento das crianças para que se tornem logo adultas. Mas afinal, qual a regra para se usar sem correr esse risco? Neste mês de fevereiro o site 14news está abordando o tema com especialistas. O artigo de hoje é de Renato Drummond Lopes
que atua na área da educação. Ele faz uma reflexão sobre como a educação das crianças como uma forma de se introduzir o tema: indultização:

“A educação do homem começa no momento do seu nascimento; antes de falar, antes de entender, já se instrui”. – Jean-Jacques Rousseau

Crianças precisam de amor, estímulos, regras, rotina, brincadeira, descanso, estudo e muito mais. Quando nascemos não trazemos nenhum manual de instruções explicando como nos educar, mas somos um papel em branco, com personalidade, características e ritmo de desenvolvimento diferentes. Não somos iguais, mas uma coisa é certa, precisamos ser crianças e temos que aproveitar essa fase.

Quando somos pequenos, tudo é uma descoberta. Uma coisa que possa parecer banal para um adulto, como o sopro do vento, as folhas caindo de uma árvore ou um cachorro atravessando a rua, pode ser uma grande diversão e um momento memorável para o dia da criança. As crianças necessitam da ajuda dos pais para distinguir o que é o certo do errado, como se organizar, como viver em família e sociedade. E na escola elas conhecem o mundo de novas amizades, de novos conteúdos, informações e vivência em grupo. Tudo isso as munirá para construírem seu futuro.

Entretanto, estamos vivendo em um mundo extremamente interativo, repleto de novas informações a cada dia. O trabalho, cuidado da casa, acabam por gerar a sensação de falta de tempo, e o tempo que deveríamos destinar a ficar com as crianças torna-se escasso ou substituído pela tela do celular. Quando passamos muito tempo usando o celular em frente dos nossos filhos ou quando emprestamos esses aparelhos com o intuito de distrair as crianças para que continuemos o que estamos propostos a fazer (conversar com amigos, almoçar no restaurante, etc), elas podem adotar essa ação como o passatempo favorito, ou como sendo a ação a ser feita sempre que sair, tendo vontade de usá-los a todo momento.

A interatividade é mais atrativa do que um livro, uma brincadeira entre crianças, ou a tarefa de casa. O mundo digital para crianças é muito perigoso se não acompanhado de perto o que ela acessa, visualiza ou conversa. De experiências perigosas à péssimos influenciadores digitais que vendem uma vida de diversão descontrolada. Precisamos saber e orientar nossos filhos e o que eles podem assistir, se podem usar o gadget, por quanto tempo usar. Temos que ter o controle disso e saber como agir se a criança burlar a regra. Há relatos de educadores contando que alunos diziam passar a noite em claro vendo vídeos no celular escondidos dos pais, ou de crianças que choram e convencem os pais a cederem e abrirem exceção à regra.

Os pais e responsáveis devem ajudar as crianças a trilharem seu caminho para serem adultos incríveis. Crianças não sabem o que é profissão, vestibular, emprego, isso é um mundo distante que elas não compreendem e nem sabem qual é o impacto da trajetória de infância e adolescência até lá. Somente entenderão quando estiverem vivenciando o momento, o nervosismo de escolher uma faculdade, o resultado do vestibular, a primeira entrevista de emprego.

Por isso, como adultos responsáveis que prezam pela boa vivência em sociedade, precisamos dar atenção a nossas crianças. A melhor coisa que um pai pode fornecer ao seu filho é uma boa educação. Mas não podemos confundir adultização desregrada com princípios de geração de caráter dos indivíduos. Não podemos assumir que crianças já sabem o peso das palavras, tomar decisões pensando no seu futuro, o que podem ou não comer, isso elas aprenderão com o tempo. Como, por exemplo: Crianças ainda não sabem o valor nutricional de um Fast Food e de uma salada, sabem somente qual agrada mais seu paladar, e qual gostariam de comer todos os dias. Criança não é adulto, ela está na fase de aprendizado e poderá cometer erros, e nós temos que ter a paciência e respeito por essa fase.

Isso não quer dizer que precisamos sentar e conversar sério com a criança sobre o futuro dela, sobre emprego e dinheiro, vida em sociedade, ainda não é o momento. Afinal estamos falando de crianças, que precisam aproveitar essa fase e vivenciarem momentos felizes que se tornarão boas memórias e referências quando elas estiverem trilhando sozinhas seu caminho.

Mas qual é o melhor caminho? Como deixar a criança ser criança e ainda assim ensiná-la a se organizar e se tornar um adulto responsável e brilhante? Separamos algumas dicas que podem ajudar:

Respeito ao ritmo de cada criança

É importante respeitar a individualidade de cada criança. As pessoas têm ritmos diferentes. Logo, para auxiliar as crianças a trabalharem leitura, raciocínio, disciplina, concentração e hábito de estudo. Ao respeitar o indivíduo, conseguimos prepará-lo para o futuro.

Introdução à rotina

O estabelecimento de rotinas ajuda a criança a obter autonomia. Isto porque, quando pratica diariamente uma tarefa, ela assimila melhor as informações e sente-se segura para progredir sozinha.  Uma sugestão é oferecer um cronograma de estudo, no qual são definidos horários e atividades. A partir dessa ferramenta, as crianças serão capazes de avançar de forma ágil e eficiente nos estudos.

Desenvolvimento da linguagem

A comunicação e a construção do pensamento ocorrem por meio da linguagem. Crianças que são incentivadas ao universo das palavras desde cedo ganham vocabulário, aprendem a falar, fortalecem a imaginação e são introduzidas de maneira natural na leitura e escrita.

Incentivo de responsabilidades

Educar crianças responsáveis é uma tarefa a longo prazo e requer dedicação. Para desenvolver o sentido de responsabilidade é recomendável começar a estimulá-las aos poucos ao conceito de compromisso, de forma que se encarreguem, dentro das suas possibilidades, de arrumar o seu quarto, recolher os seus brinquedos, colocar a mesa, organizar as suas roupas, sua mochila ou a sua mala quando for viajar. 

Outra forma eficaz de desenvolver essa virtude é através de jogos ou de atividades em grupo.

Entretanto, independente da abordagem, o mais importante é orientá-las para que desde pequenos compreendam seus ‘deveres e obrigações’.”

“Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos.” – Pitágoras

Por Renato Drummond Lopes – educador e sócio-proprietário do Kumon – unidade Vila Carmelo e integrante do G.E.B. (Grupo de Empreendedores de Botucatu).

Redação 14 News

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