A advogada de Botucatu, Graziela Mariana Regolin contou ao 14News como foi a situação que passou com a família durante acidente em Capitólio (MG), onde a rocha de um paredão caiu e matou várias pessoas no final de semana. Ela estava trás esperando a saída de lanchas para entrar no mesmo espaço quando tudo aconteceu.
Chegamos em Capitólio na sexta-feira e viemos embora ontem (domingo) à noite. “Estávamos eu, meu irmão (Wendel Augusto Regolin (46), cunhada Selma Gomes da Rocha (45) e meu filho Pedro Henrique Regolin (14)”, disse Graziela.
“No momento que estávamos parados com nossa lancha esperando para dar nossa vez de entrar no canyon, de repente, todas as lanchas que estavam lá dentro (limite que a Marinha impõe para entrar lá) começaram a voltar com tudo, a toda velocidade, e as pessoas muito nervosas, chorando, e a Marinha vindo atrás. Assim já nos deslocamos para um restaurante flutuante mais próximo”, contou.
Em seguida eles foram avisados do episódio. “Lá ficamos sabendo do ocorrido. O ruim é que não tínhamos sinal de celular e não conseguimos avisar nossos familiares que estávamos bem. Foi o desespero. Porque começamos a descobrir quais eram as lanchas, as pessoas feridas, então muito triste. As informações chegavam a cada hora de uma forma. Só ficamos sabendo o que realmente aconteceu pelo jornal à noite. Sabíamos que era a parede, mas não da dimensão do acidente. Mas o que assustava era a quantidade de bombeiros e ambulâncias que chegaram. Por isso as informações não batiam. Quando assistimos o jornal fomos entender. A Marinha foi muito rápida também”, contou ao 14News.
Atualizando sobre o acidente
Segundo a Agência Brasil, as buscas no Lago de Furnas, em Capitólio (MG), continuarão pelos próximos dias, anunciaram hoje (9) a Defesa Civil e a Polícia Civil de Minas Gerais. Segundo os órgãos, os trabalhos prosseguirão porque, embora todos os dez mortos tenham sido resgatados, algumas vítimas tiveram somente pedaços de corpos encontrados.
Além disso, a polícia aguarda eventuais comunicações de novos desaparecimentos, no caso de eventuais turistas que estavam sozinhos. “Pode ser que uma pessoa ou um casal estivesse caminhando e tenha caído uma pedra. Até o momento, nenhum dos órgãos recebeu informação de outros desaparecidos. Nós estamos iniciando e não temos pressa de terminar os trabalhos”, disse o delegado Marcos Pimenta, da Polícia Civil mineira.
Segundo Pimenta, até agora foram identificados apenas dois corpos, um formalmente, com base nas impressões digitais, e outro com base em reconhecimento precário de parentes, que ainda requer comparação com material genético. O impacto da rocha, informou o delegado, está dificultando os trabalhos de reconhecimento.
Responsabilidades
O sargento da Defesa Civil de Minas Gerais Wander Silva informou que a apuração sobre a falta de fiscalização e de medidas de segurança, que poderiam ter prevenido a tragédia, será discutida na investigação do inquérito aberto pela Marinha.
“Este não é o momento [de discutir isso]. Estamos concentrados nas buscas, e essas responsabilidades, no decorrer do inquérito, serão apuradas. Isso será verificado posteriormente”, argumentou. Cerca de duas horas antes da tragédia, a Defesa Civil mineira emitiu um alerta de cabeça d´água (forte enxurrada em rios provocada por chuvas) para a região de Capitólio, mas os passeios turísticos continuaram normalmente.
Reunião
Os prefeitos de São José da Barra, Paulo Sergio de Oliveira, e de Capitólio, Cristiano Silva, anunciaram que medidas para reforçar a segurança do turismo no Lago de Furnas serão discutidas amanhã (10). O encontro reunirá prefeitos da região e representantes da Defesa Civil de Minas Gerais, da Polícia Militar e da Marinha.
Segundo o prefeito de Capitólio, uma lei municipal de 2019 disciplina o turismo no cânion, proibindo banhos na área de circulação das lanchas e limitando a 40 o número de embarcações que podem permanecer por até 30 minutos na área do cânion. Além disso, normas da Marinha estabelecem o ordenamento da orla do lago.
Ele admitiu, no entanto, que, até agora, não existia uma norma sobre a distância mínima entre as lanchas e os paredões rochosos. Segundo ele, um perímetro mínimo de segurança só poderá ser definido após estudo técnico. O prefeito ressaltou que o desprendimento de um bloco tão grande é inédito na região.
“Meu pai vive aqui há 76 anos e nunca viu um desligamento de rocha desses. Acredito que, daqui para a frente, a gente precisa fazer uma análise [geológica]. Aquelas falésias estão ali há milhares de anos. Essa formação rochosa de quartzito tem essas fendas e fissuras. Já foram feitos vários estudos geológicos. Se tinha algum risco, tinha de ser emitido por um órgão superior”, explicou.
O prefeito disse ainda que uma foto de 2012, divulgada ontem nas redes sociais, com paredão com fissura larga, não se refere à rocha que desabou, mas a um que continua intacto no trecho central do cânion. De acordo com ele, a fissura no bloco que desmoronou era menor que a da pedra mostrada na foto.
Visita cancelada
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que visitaria o município de Capitólio neste domingo, cancelou a ida à região. Segundo o governo estadual, o mau tempo impossibilitou a viagem.
“Por causa das fortes chuvas que atingem o estado, as quais inviabilizam as autorizações e condições para voo, o governador não irá a Capitólio neste domingo. Nova data para a viagem será anunciada em breve”, informou a Secretaria de Governo do estado.