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Marchese lidera maior radiografia da engenharia e desafia país a pensar futuro

O Brasil tem agora um retrato inédito, amplo e detalhado da engenharia nacional. Liderada por Vinicius Marchese, presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), uma pesquisa de abrangência nacional ouviu 48 mil profissionais de engenharia, agronomia e geociências em todos os estados, tornando-se a maior da história do setor. O levantamento revelou uma categoria altamente empregada, com renda superior à média nacional, forte senso de propósito e marcada por desafios estruturais de formação e renovação.

Realizado em parceria com a empresa de pesquisa Quaest entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025, o estudo aponta que 92% dos profissionais da área tecnológica estão em atividade, e 68% têm renda superior a cinco salários mínimos. Os dados ganham ainda mais relevância ao mostrar que 78% atuam na área em que se formaram, um índice elevado num mercado frequentemente criticado por subutilização de mão de obra qualificada.

“A pesquisa traz, pela primeira vez, uma dimensão real da nossa categoria. Ela nos permite mapear onde estão os profissionais, como pensam, o que os motiva e quais os principais gargalos para que a engenharia volte a ser protagonista do desenvolvimento nacional”, afirma Marchese, que desde o início de sua gestão tem buscado reposicionar o Confea como ator relevante nas políticas públicas do país.

Radiografia inédita do setor

O estudo teve ampla repercussão nacional e foi destaque em veículos como O Estado de S. Paulo, Valor Econômico, Folha de S.Paulo, Veja, G1, Correio Braziliense, Portal R7 e Record. As manchetes convergiram em uma mesma direção: os engenheiros brasileiros estão empregados, bem remunerados e confiantes no papel transformador da profissão.

“O dado mais poderoso não é apenas o número de profissionais em exercício ou sua renda. É saber que 95% acreditam que sua atuação contribui para um Brasil melhor, e que 79% recomendariam a carreira para as novas gerações. Isso revela um senso de propósito que precisa ser canalizado em políticas de Estado”, destacou Marchese.

Outro destaque foi a formalização do trabalho: 40% estão empregados sob o regime da CLT, e 11% atuam no serviço público. A maioria dos profissionais ouvidos está satisfeita com sua posição atual (67%), e metade acredita que o mercado melhorou nos últimos cinco anos. A faixa entre 30 e 34 anos concentra o maior salto salarial, ultrapassando os cinco salários mínimos.

Desigualdade e renovação

Apesar do bom momento, o estudo também acende alertas. A representatividade feminina ainda é baixa: apenas 20% dos profissionais registrados são mulheres, segundo revelou a Folha de S.Paulo. No entanto, a renovação demográfica aponta avanços — entre os profissionais com menos de 30 anos, as mulheres já representam um terço do total, um dado que sinaliza mudanças geracionais e culturais em curso.

A pesquisa também mostra concentração em áreas tradicionais: a engenharia civil responde por 44% dos registros, seguida pela elétrica e mecânica. Por outro lado, setores emergentes como engenharia biomédica ganham espaço, impulsionados pela maior presença feminina e por demandas tecnológicas contemporâneas.

Formação e crítica ao ensino remoto

O lançamento da pesquisa ocorre dias após a publicação do decreto e da portaria do Ministério da Educação que passam a exigir, para cursos de engenharia, ao menos 40% de atividades presenciais. Em artigo no Estadão, Marchese celebrou o avanço como uma vitória institucional, mas alertou que ainda há um longo caminho a percorrer.

“A formação em engenharia exige convivência, prática, multidisciplinaridade e senso crítico. Não podemos nos enganar: o ensino 100% remoto não é compatível com a complexidade das nossas atribuições. Formamos profissionais que lidam com vidas humanas, com infraestrutura e com o futuro do país”, escreveu.

Segundo ele, o Brasil forma apenas cinco engenheiros para cada mil habitantes, contra 25 em países como Estados Unidos e Japão. O déficit atual é estimado em 75 mil profissionais, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e pode crescer sem uma resposta clara de governos e universidades.

Estratégia institucional

A pesquisa é parte de uma estratégia de reposicionamento do Confea iniciada por Marchese em sua gestão. O objetivo é transformar o órgão em voz ativa na formulação de políticas públicas para educação, infraestrutura e inovação. Ao lado do CEO da Quaest, Felipe Nunes, e da gerente de inteligência da pesquisa, Graziele Silotto, Marchese defende que os dados levantados devem orientar investimentos, revisões curriculares e medidas de valorização da carreira técnica.

“O mercado de engenharia está em transformação. Temos mais diversidade, orgulho profissional e disposição para servir à sociedade. Mas para isso se manter, precisamos de instituições fortes, conectadas com a realidade e capazes de representar os anseios dos profissionais”, afirma Marchese.

Redacao 14 News

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