Um pedaço de osso de animal que morreu na beira de estrada parece algo perdido. Mas depois de ser “trabalhada” essa pedra natural pode ser transformada em peça exclusiva para embelezar mulheres em colares, pulseiras, braceletes, ou seja, as chamadas joias ao estilo medieval.
Pedra, pena, cipó, palha, dente, couro, que retirados de animais graças à arte de artesões, viram produtos nas bancas dos chamados hippies.
É em viagens pelo Brasil que se acha objetos que logo ficarão com valor como as penas do Pantanal, ou objetos do Rio de Janeiro e Florianópolis.
Caio Cesar Fabricio Acosta e Maria Cecilia Burgareli, ambos de 22 anos, são os artesãos que fazem esse elo da natureza com a bela arte. Eles ficam em uma banca na Praça Emilio Peduti (Bosque) no centro de Botucatu (SP) expondo as peças.
“Parei aqui para ficar com a família. Essa é uma das primeiras técnicas usadas em fazer joia na era medieval e a gente carrega essa cultura até hoje. A filigrana é a arte de fazer joia à mão com trança. Mexer com arame, bracelete, colar, aliança. Eu estava viajando e vim parar em Botucatu quando a conheci (minha esposa) e fiquei por aqui. Depois levei ela viajar comigo. Ela faz artesanato também. Depois quando ela engravidou a gente parou por aqui. Ela faz artesanato e trabalha comigo. Está grávida de 8 meses”, conta Caio.
MEIO DE VIDA
“Faço isso por opção mesmo. Prefiro fazer artesanato tirando de 2 a 3 mil reais por mês do que trabalhar para o sistema. No começo foi difícil com os meus pais. Meu pai é advogado. Não aceitou muito bem de eu viver na rua fazendo artesanato. Só que depois a família foi acostumando. Viu que eu viajo bem e sou feliz. Faz 3 anos que vivo de artesanato. Dá para sobreviver e tirar um dinheiro bom. A maioria dos problemas que a gente passa é com fiscalização de prefeitura. Tem prefeituras que não querem deixar a gente trabalhar. Tem um processo contra a prefeitura de São Sebastião. Eles tomaram meus artesanatos. Mas existe mais lado bom do que ruim”, diz o artesão de Botucatu.
PRECONCEITO
“Existe muito de relacionarem quem está na rua com as drogas, mas isso é pré-conceito – quando você julga alguma coisa antes de saber – antes de ir ver e tirar a sua própria conclusão. Quando as pessoas vêm conversar percebem que é totalmente diferente. Como a gente viaja muito tem bastante informação. Mas existe muita ligação do artesão com droga, mas isso é bobeira, cada pessoa é única e dona de suas atitudes”.
FAMÍLIA
“Quando eu levei minha esposa para viajar, meu sogro e sogra não gostavam da ideia de viver com um cara que vive do artesanato. Eles não sabiam como funcionvaa. Eles achavam que não conseguiria manter uma qualidade de vida. Depois as conclusões foram mudando e hoje até apoiam”.
O site Agência14News busca contar histórias de diferentes personagens das cidades da região e diferentes meios de vida.
(Texto: Cristiano Alves – Agência14News. Fotos: Ana Tineu. Pesquisa de personagem: Robson Rodrigues)