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Patrulha contra violência à mulher é uma das novidades na cidade

O Conselho de Política para Mulheres de Botucatu realizou no sábado (10) evento de 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, que é realizado simultaneamente em 30 países. Uma das novidades colocadas foi o foco que existe na cidade em lugares com maior incidência de agressões contra o público feminino.

 

“A nossa intenção é chamar a atenção para as pessoas terem a conscientização de vivermos em uma sociedade sem violência porque a violência contra a mulher não atinge só a elas, mas a cidade toda, e a sociedade inteira, porque a mulher é o pilar da sociedade, e isso prejudica todas as pessoas em volta dessa mulher”, disse Isabel Conte do conselho municipal.

 

Segundo ela, em Botucatu existe uma média de 120 boletins de ocorrência mensais envolvendo a violência, sendo que 58% são contra mulheres. “O trabalho preventivo que nós temos atualmente é da delegacia da mulher e o Creas (centro de assistência social) que tem um atendimento à mulher; também através das forças públicas da cidade, e uma patrulha de estar sempre passando em lugares de pico de violência que a gente sabe quais são. A maioria na porta de bar, além de estádios de futebol, e lugares como esses “, disse Isabel.

 

Entre as 120 denúncias, ela afirma que é mínimo da realidade, pois acredita que deve existir muitos mais casos, pois pessoas de poder aquisitivo, por exemplo, não procuram a delegacia. “A violência acontece em todos os níveis e é uma coisa que temos que combater em geral”.

 

Entre os motivos relacionados às agressões, diz Isabel, estão casos de alcoolismo, drogas, desemprego, histórico de violência sofrida dentro de um ciclo, por isso a importância de tentar tratar o agressor.

 

“A luta contra a violência tem que ser diária, de todo mundo, e a gente orienta para as mulheres não deixarem as coisas chegarem ao ponto das coisas se complicarem. Elas devem procurar o Creas que fica na Rua Silva Jardim, onde receberão tratamentos de psicólogas e até para o marido”, cita a integrante do conselho.

 

NO CÂMPUS

O Coletivo Genis é um grupo que surgiu em 2013 na Unesp que busca também atuar na prevenção e direitos iguais das mulheres. Marina Barbosa que é aluna da Faculdade de Medicina diz que o grupo é horizontal sem liderança para atuar de igual para igual nessas questões. “O grupo surgiu em 2013 para a gente começar a estudar o machismo dentro da universidade e ele foi crescendo e ganhando corpo, e acolheu as vítimas de violência sexual no primeiro momento; e continua fazendo isso e tentando as mudanças dentro e fora da universidade para que a gente tenha um cenário diferente”, afirma.

 

ONDE ESTÁ A VIOLÊNCIA?

“A violência está dentro da nossa sociedade, não só com a violência física, mas também a psicológica, a violência que está na diminuição de salários, a desvalorização da mulher, e isso acaba passando para dentro da universidade – que nada mais é do que uma célula da sociedade. A gente vê as professoras desvalorizadas, a professora tem mais dificuldade em ascender na carreira, vê que uma aluna quando vai para um curso de engenharia, por exemplo, em um curso considerado mais masculino, ela tem mais dificuldade; enfim, o cenário de dentro da universidade não difere de fora da universidade porque reflete o que sociedade é na verdade”, disse Marina.

 

NA EDUCAÇÃO

A educadora Eliana Curvelo fez um trabalho de conscientização e prevenção em uma escola municipal da cidade. “Esse trabalho tem que se contínuo. Em 30 anos de estudo sobre o mapa da violência no Brasil, a partir do ano de 2006, a partir da lei Maria da Penha, diminuiu a violência durante um ano, e depois voltou a crescer de forma exponencial. Nós temos para cada 100 mil mais de 30 mil sofrem violência doméstica. E as mulheres negras sofrem ainda mais a violência sobre elas. É algo que temos que mudar radicalmente porque somos todos irmãos nesse planeta”.

Alunos mostraram como são atingidos pela violência. “Na escola nós fizemos alguns trabalhos sobre a questão da violência contra a mulher. Alguns alunos fizeram vídeos, entrevistas, outros tiraram fotografias de como é mulher, e teve um grupo que me deixou muito feliz que foram adolescentes que fizeram uma pesquisa de sobre como eles sentem o preconceito e como eles vêm a violência. E o índice foi alto de como o que eles vivem e vêm dentro de suas casas. Por isso mesmo que nós temos que fazer esse trabalho preventivo sempre”, diz Eliana.

 

NA POLÍTICA

O vereador Izaías Colino (PSDB) diz que a Câmara Municipal tem que apoiar a causa. Ele faz parte da comissão de direitos humanos com a vereadora Rose Ielo e Carlos Trigo. “O papel da Câmara institucionalmente aqui ele é na questão de apoio. O Conselho esteve na Câmara Municipal, depois nós viemos aqui, e houve uma reunião com a comissão de direitos humanos da Câmara. O conselho fez seus encaminhamentos. A segregação da mulher na sociedade tem que acabar. Nós homens temos um papel fundamental nisso. A sociedade vem evoluindo nesse sentido. A composição da Câmara na próxima legislatura é um reflexo disso, ao invés de uma a gente vai ter três mulheres na Câmara. Mas, mesmo assim, isso é muito pouco. Tudo que a gente puder ajudar é obrigação do poder público se fazer presente”, analisa.

Ele diz que existem assuntos que precisam ser tratados como uma forma de abrigar melhor as mulheres vítimas de violência, pois hoje existe um local, mas que pode ser melhorado.

 

VEREADORA

Alessandra Lucchesi de Oliveira que é secretária de educação e vereadora eleita para 2017 diz que agora serão 3 mulheres para representar milhares delas. “Trazemos a preocupação no coração de políticas e melhoria contra a violência contra a mulher. Movimentos como esse que o conselho da mulher organiza têm que estar muito próximos a nós eleitas agora para que nos tragam sugestões para possibilitar legislações contra a violência. O papel de vereador pode ser de dinamizar a operacionalização dessas leis. Fazer campanhas como essa envolvendo o município será um dos desafios das mulheres eleitas na Câmara”, disse.

 

PASTORAL

A Pastoral da Ecologia “Casa Comum” – que é como o Papa Francisco define o planeta – também esteve no evento em defesa das mulheres. “Todo e qualquer movimento que seja em defesa do ser vivo e do ser que habita o planeta, a pastoral da ecologia deve estar engajada. A política de defesa das mulheres é uma causa que já simpatizamos. Também participamos hoje de uma campanha pela vida e contra o aborto. Tudo que seja em defesa do ser que habita o ser da Casa Comum, a Pastoral da Ecologia pretende levantar a bandeira”, disse José Roberto Rossi, da pastoral.

 

(Do Agência14News).

Redação 14 News

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