Originária de 1970, a permacultura é uma forma de pensar, planejar e executar em todos os espaços a produção de alimentos, abrigo, energia e outras, com o propósito de atender às necessidades da população urbana. Para Wesley Vieira Filho, especialista em gestão ambiental e docente da área de meio ambiente, segurança e saúde no trabalho do Senac Botucatu, mais que um sistema de cultivo ecologicamente viável, a técnica possibilita a regeneração de paisagens degradadas e ecossistemas.
“A permacultura vem ganhando cada vez mais espaço na vida urbana por utilizar tecnologias avançadas de planejamento e pela ocupação sustentável das áreas naturais”, explica Wesley. Segundo ele, o interesse pela técnica atinge tanto profissionais, como agricultores, engenheiros, arquitetos e estudantes da área de meio ambiente, quanto pessoas que enxergam a possibilidade de aplicá-la em casa para cultivar a própria comida e também economizar energia, por exemplo.
Algumas medidas com os aparelhos eletrodomésticos podem ajudar na economia de energia, como abrir a geladeira somente quando for pegar algo e posicioná-la longe do fogão. Já a lavadora de roupas precisa ter o filtro limpo regularmente e ser ligada apenas quando tiver quantidade de roupas para preenchê-la. Com a televisão, a regra é desligar da tomada quando ninguém estiver assistindo.
Outra dica é apagar as luzes quando não tem gente no ambiente e utilizar lâmpadas de LED, que além de durarem mais, gastam muito menos energia do que as comuns ou as fluorescentes. “É interessante também investir em janelas maiores para os cômodos, utilizando luz natural e maior ventilação, para não precisar ligar ventiladores ou ar-condicionado”, orienta Wesley.
No caso de jardins residenciais, o projeto, de acordo com a permacultura, prevê a interação natural entre as plantas, de uma forma que nenhum fertilizante ou pesticida precise ser aplicado. “O objetivo é utilizar espécies nativas e concebidas para explorar os padrões da luz solar e da água, cultivando alimentos e ervas em canteiros menores”, conta Wesley.
Para colocar em prática os princípios da permacultura na vida urbana, o docente do Senac Botucatu lista algumas dicas.
Como fazer um jardim sustentável:
1 – Familiarize-se com as plantas nativas, predadores e pragas em sua área;
2 – Observe como o sol atinge o local de seu futuro jardim;
3 – Crie um ou mais canteiros para suas plantas. Eles são melhores para o seu jardim, pois não exigem que você lavre a terra, o que esgota os nutrientes no solo.
4 – Comece com as maiores plantas e coloque-as de forma que forneçam sombra para plantas menores e sensíveis ao sol.
5 – Coloque plantas que necessitam de mais cuidados mais próximas da sua casa.
6 – Escolha plantas que necessitam de quantidades similares de sol e água no mesmo canteiro: para essa dica, é importante considerar as pragas, antes de definir a posição das plantas. Algumas delas podem atuar como pesticidas para outras espécies, como a malmequer, que diminui os ataques de vermes.
7 – Coloque coberturas em seus canteiros: a dica é utilizar a palha para prevenir o crescimento de ervas daninhas. Elas também ajudam o solo e eliminam a necessidade de herbicidas ou fertilizantes químicos. Coberturas mais simples e populares, porém eficazes, incluem pedaços de madeira, papelão e jornal.
8 – Crie um sistema de compostagem, um fertilizante natural que reutiliza resíduos de produtos em benefício do jardim. Por exemplo: resíduos de jardim (ervas daninhas, plantas mortas ou folhas) e outras matérias orgânicas utilizadas na cozinha, misturadas com pedaços de papel ou serragem, são um sistema de compostagem simples e eficaz.
9 – Implementar sistema de rega: a irrigação por gotejamento, que utiliza um tubo de borracha perfurada, com furos pequenos e colocada ao longo de um canteiro, é uma boa maneira de conseguir água diretamente no solo e evitar a evaporação desnecessária e o desperdício de água.
Dicas para aplicar dentro de casa:
1 – Evite desperdício: a reciclagem ou reutilização dos materiais e elementos devem ser uma constante no comportamento das pessoas dentro de casa.
2 – Cultive sua própria comida: você pode criar uma horta comunitária com seus amigos e vizinhos e transformar os jardins de relva em comestíveis.
3 – Valorize os recursos e serviços renováveis: por exemplo, em vez de comprar iogurte industrializado, é possível fazer coalhada utilizando os lacto bacilos vivos. Outra dica é fazer o próprio sabão com óleo de cozinha usado, que é livre de qualquer química nociva e é mais amigável ao meio ambiente.
4. Faça a captação da água da chuva: projete um sistema de captação da chuva, direcionando o fluxo para árvores, arbustos, canteiros ou para armazená-la para uso posterior. É algo bastante ecológico que pode auxiliar significativamente na economia da conta de água.
Formação inédita na área
Para os interessados em conhecer mais sobre o universo da permacultura, o Senac Botucatu oferta o curso Permacultura: princípios e práticas, com inscrições abertas e início das aulas em 14 de setembro.
Débora de Lima Azevedo Miquelim, gerente da unidade, conta que a capacitação é inédita no Senac São Paulo, que escolheu Botucatu pela vocação ao meio ambiente e por existir uma demanda local. “A partir daqui, o curso será lançado em outras unidades Senac no estado de São Paulo”.
Nas aulas, os alunos aprendem os princípios e práticas da técnica para a disseminação de sistemas humanos sustentáveis, além de conceitos e criação de canteiros agroecológicos, compostagem e consórcio de plantas. O curso é voltado para pessoas a partir dos 16 anos e profissionais da área de meio ambiente, que buscam uma especialização.
Para se inscrever ou conferir a programação completa dos cursos da área de meio ambiente, segurança e saúde no trabalho, acesse o Portal Senac.
Serviço:
Permacultura: princípios e práticas
Data: 14 de setembro a 30 de novembro de 2019
Horário: aos sábados, das 8 às 12 horas
Senac Botucatu
Endereço: Rua Dr. Rafael Sampaio, 85, Boa Vista – Botucatu/SP
(com assessoria)
