Shitara, uma égua idosa, vítima de maus-tratos em Botucatu teve uma recuperação surpreendente após receber os cuidados necessários de uma pessoa que a adotou. Ela é a prova de que animais quando bem cuidados, podem mudar radicalmente a sua situação. Nas fotos atuais nem parece que esteve magra ou doente.
“Ela foi cruelmente maltratada e abandonada nas ruas. Estava muito ferida (cega de um olho, com a pata traseira com um horrível e grande ferimento, ela tem uma traqueostomia permanente e estava toda inflamada) além disso hiper magra”, conta Ingrid Wirtz, treinadora de atletas de hipismo em Botucatu.
Segundo ela, Shitara foi “achada a tempo, resgatada por anjos e eu a adotei”, comenta. “Minha maior felicidade é ver a melhora diaria dessa linda guerreira”.
O animal que tem entre 18 e 20 anos fica em um centro de treinamentos da cidade e virou sensação do local. “Os alunos do Centro Hípico Monte Olimpo ajudaram doando algumas coisas para o tratamento da Shitara e hoje é uma alegria enorme pra todos ver ela bem assim. As crianças sempre vão lá levar cenouras para ela. Hoje a Shitara é a maior alegria da Hipica”, disse.
HISTÓRIA DE SOFRIMENTO
“Ela foi encontrada abandonada e ferida nas ruas do bairro Monte Mor, daí pessoas que a viram contataram a protetora de animais Luciana Cruz. Vi pelo face o caso e me prontifiquei a adotar e dar todos os cuidados necessários para a Shitara”, lembra Ingrid.
“A princípio queriam eutanaziar ela, mas não deixamos. Fiz exames para algumas doenças contagiosas os quais deram negativos e assim trouxe ela para o Centro Hípico Monte Olimpo. Ela estava muito magra, estava passando fome já há algum tempo. Então entrei com uma alimentação balanceada, suplementos e bastante verde”, conta a treinadora de cavalos. Shitara também foi vermifugada, vacinada, os cascos dela também se encontravam bem ruins, com brocas e deformações e isso foi cuidado e corrigido”.
OUTRA REALIDADE
O estado é cada vez melhor. “Desde então todo dia Shitara é medicada duas vezes ao dia, a ferida na perna esta quase cicatrizada, a traqueostomia já está sem nenhuma inflamação, mas infelizmente ficou cega de um dos olhos. O estado corporal dela melhorou muito, ela está bem mais gordinha, o pelo dela está lindo: fino e brilhante e dá para ver nos olhos dela como ela está feliz. Ela corre no piquete, fez amizade com os outros cavalos”, cita.
Quanto ao futuro e o máximo de recuperação que se pode conseguir com um animal tão maltratado, Ingrid diz que Shitara vai ter que ter cuidados especiais para o resto da vida, pois não é um animal que poderá ser usado para montaria. “Mas o que importa pra mim é ela bem, feliz, saudável e farei tudo que for preciso por ela e para os outros animais que precisarem também”, destaca.
“Agradeço os alunos e principalmente ao tratator Tota que também cuida com todo amor e carinho da Shitara”, finaliza Ingrid.
PARTICIPAÇÃO DA UNESP
O Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp, câmpus de Botucatu, também participou desse trabalho de recuperação.
Segundo a assessoria, “o animal deu entrada no Hospital Veterinário no dia 11 de maio de 2016, trazido pela Prefeitura Municipal de Botucatu, sem referências de cuidados prévios ou indicação de proprietários. Na ocasião, apresentava quadro de caquexia (síndrome complexa que se caracteriza por perda de peso, atrofia muscular, fadiga, fraqueza e perda de apetite) com infecção respiratória e uma ferida grande e com pus num dos membros. Vale ressaltar que se trata ainda de animal idoso e portador de algumas enfermidades crônicas”.
“Diante do grave quadro e da inexistência de responsáveis pelo paciente, a equipe do Professor Doutor Carlos Alberto Hussni, da área de Cirurgia de Grandes Animais do HV, recomendou a eutanásia como a medida mais indicada para abreviar o evidente sofrimento físico do animal”.
“A partir do surgimento de uma voluntária para se responsabilizar pelo animal, foi iniciado então o tratamento. No Hospital Veterinário da FMVZ/Unesp, por quase dois meses, a égua Shitara foi examinada, tratada com a medicação adequada, nutrida de maneira correta, recuperada e entregue saudável para a pessoa que a adotou no dia 07 de julho de 2016”.
“Por fim, esclarecemos que todas as despesas do tratamento, incluindo atendimento, exames, medicação, material de consumo hospitalar e internação do animal foram custeados pelo Hospital Veterinário da FMVZ/Unesp”, informa a assessoria da Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp, câmpus de Botucatu.
(Do Agência14News)
