Um aplicativo para smartphone e tablet que mede e avalia os índices de conforto térmico nos recintos dos animais de produção, inteiramente desenvolvido na Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, câmpus de Botucatu, foi premiado na décima primeira edição do Congresso Brasileiro de Agroinformática (SBIAgro 2017), realizado no Centro de Convenções e Casa do Lago da Unicamp, em Campinas/ SP.
Considerado o principal evento científico da área de Informática aplicada à Agricultura no Brasil, o SBIAgro promove o compartilhamento de resultados de pesquisas, troca de ideias sobre trabalhos em andamento e a inovação em AgroInformática. O
congresso é promovido pela Associação Brasileira de Agroinformática (SBIAgro) com o apoio da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e organizado pela Embrapa Informática Agropecuária, pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri/Unicamp), pela Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri/Unicamp) e pelo Instituto de Computação (IC/Unicamp). O tema da edição 2017 foi “Ciência de Dados na Era da Agricultura Digital”.
O aplicativo “Orvalho”, desenvolvido como parte da dissertação de Mestrado de Arilson José de Oliveira Júnior, defendida junto o Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Energia na Agricultura, da FCA Unesp, sob orientação da professora Silvia Regina Lucas de Souza, do Departamento de Engenharia Rural da FCA, foi o primeiro colocado na categoria profissional de um concurso de aplicativos realizado durante o evento.
Além de fazer um vídeo de apresentação do aplicativo e enviar um artigo sobre o trabalho, Arilson, hoje cursando o doutorado em Energia na Agricultura na FCA, precisou apresentar o seu produto e responder à arguição de uma banca com cinco examinadores de diferentes áreas. “As perguntas da banca foram feitas principalmente sobre temas relacionados a mercado e negócios. Essa etapa da avaliação foi mais voltada para questão do empreendedorismo e rentabilidade do que para aspectos científicos”.
Arilson nunca tinha apresentado nenhum trabalho num evento com enfoque para o mundo dos negócios. “Foi desafiador, mas deu tudo certo. Acabamos superando concorrentes vinculados a instituições de bastante prestígio”, comemorou.
A professora Sílvia Lucas de Souza também celebrou a conquista. “No meio científico, as pessoas estão se interessando, vendo a importância do aplicativo para a área de conforto térmico e ambiência. É uma ideia desenvolvida aqui na FCA, por um aluno nosso, que estudou cada detalhe do tema para criar esse produto. Ver tudo o que idealizamos ser reconhecido nos faz ter certeza que o estudo e a dedicação valeram a pena”.
Sobre o aplicativo
Os equipamentos disponíveis no mercado utilizados para fazer as medições de conforto térmico são caros e inacessíveis aos pequenos produtores. A grande novidade no equipamento desenvolvido por Arilson é o seu baixo custo. “Os equipamentos comerciais que existem coletam e armazenam dados durante um longo período. Mas não são baratos. O pequeno produtor não tem esses recursos disponíveis e ele precisa de suporte para alavancar suas atividades”, comenta o pós-graduando.
Para validar os equipamentos que desenvolveu, Arilson realizou testes nos setores de produção da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp, com autorização dos docentes da área de Zootecnia. Os resultados obtidos foram positivos.
Instalado no smartphone ou no tablet, o aplicativo faz o cálculo dos índices de conforto térmico, na forma determinada pelo usuário. “O usuário pode inserir os dados manualmente ou de forma automatizada. Se for manualmente, é só escolher o animal listado no aplicativo, e inserir ali os dados, como temperatura medida por qualquer termômetro comum, umidade relativa do ar e outros. O software faz o cálculo e informa se o ambiente está confortável para cada espécie”.
Paralelamente ao aplicativo, Arilson também desenvolveu um dispositivo portátil que faz medições de temperatura, umidade relativa e temperatura de globo negro (aquela que considera a radiação solar). “Pelo dispositivo portátil, eu conecto o aplicativo via bluetooth e determino os períodos de coleta de dados. O dispositivo transmite os dados na frequência de tempo estipulada e, ao final do período, ele faz uma média e oferece o resultado do cálculo dos índices.
O dispositivo é mais prático e mais preciso. Foi feito para levar a tecnologia mais precisa ao produtor. Mas não impede que ele use a forma manual com ótimos resultados.”
Para a professora Sílvia, o equipamento desenvolvido pelo seu orientado pode ser muito útil para quem produz em pequena e média escala. “Hoje em dia, muita gente tem um smartphone. Com ele, o produtor tem a condição de visualizar do seu celular, em tempo real, se as instalações de seus animais estão confortáveis ou não”. Segundo a docente, um equipamento de medição deve custar em termos de 1200 reais. Já o dispositivo poderá estar à disposição por cerca de 400 reais.
Amparado nos dados, ele pode tomar medidas imediatas se constatar que seus animais não estão em situação de conforto térmico e evitas a perda de animais em ondas de calor ou frio intensos. “O produtor ganha praticidade, agilidade, baixo custo e pode divulgar que produz observando os cuidados com o bem estar animal”, afirma a professora Sílvia. “Isso pode ser um diferencial significativo para posicioná-lo no mercado”.
Denominado “Orvalho”, o aplicativo já está disponível. Ele pode ser baixado gratuitamente no Google Play, por meio do endereço: https://apporvalho.wordpress.com/
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(com Assessoria de Imprensa)