Como está o seu descanso depois de um dia de trabalho? Ter uma boa noite de sono é fundamental para processar os conhecimentos e as emoções vividas, além de repor as energias para um novo dia. Contudo, nem sempre este momento é reparador e vários distúrbios podem surgir ao longo do tempo, causando problemas de saúde.
Para conscientizar a população sobre a importância do sono na saúde e no bem-estar, foi lembrado, no último dia 19/03, o Dia Mundial do Sono, iniciativa da Associação Mundial de Medicina do Sono (WASM) celebrada no Brasil desde 2008. Neste ano, o tema da Semana Brasileira do Sono, de 10 a 17 de março, foi “Sono é essencial para a saúde”. O Laboratório do Sono do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) é referência para as ações de promoção de saúde sobre o tema em Botucatu e região.
A coordenadora do Laboratório do Sono e Diretora de Assistência do HCFMB, Dr.ª Silke Anna Theresa Weber, relata, a partir de estudos, que quase dois terços da população brasileira têm alguma alteração no sono e em torno de 25% possuem distúrbios respiratórios, como a apnéia obstrutiva, caracterizada por respirações superficiais ou até mesmo paradas momentâneas da respiração durante a noite. “Outro distúrbio comum é a insônia, que é a dificuldade da manutenção de um sono contínuo, seja por problemas em começar a dormir ou pela interrupção brusca do descanso”.
Os distúrbios do sono causam, além de um impacto enorme na qualidade de vida, alterações na concentração, maior irritabilidade, sonolência diurna e cochilo fácil em situações inadequadas, como na direção de um automóvel. “Para pessoas que trabalham, por exemplo, em linhas de produção que exigem maior concentração, um sono inadequado aumenta os episódios de esquecimento e a probabilidade de acidentes”, afirma a médica.
Além do impacto na qualidade de vida, vários problemas de saúde podem surgir ou serem agravados a partir de uma má qualidade de sono. “Dormir somente cinco horas por noite ou apresentar distúrbios específicos aumenta o risco do surgimento de doenças cardiovasculares, como hipertensão, infartos e derrames, e da possibilidade do indivíduo desenvolver uma diabetes tipo 2, além de trazer complicações no tratamento e no controle destas moléstias”.
Como atua o Laboratório do Sono do HCFMB
Oficialmente inaugurado em 2015, o Laboratório do Sono do HCFMB atende em torno de mil pacientes por ano, sendo cerca de 50 exames mensais entre polissonografias e titulações de CPAP (para diagnóstico de apnéia), além do atendimento ambulatorial para diagnósticos iniciais e acompanhamento de pacientes.
Dr.ª Silke comenta que, no Sistema Único de Saúde (SUS), o HCFMB é o único lugar na região que faz a polissonografia, exame que avalia a qualidade do sono e detecta possíveis complicações, que são tratadas de forma multidisciplinar. “O diagnóstico da polissonografia detecta muito mais alterações do perfil respiratório, do tipo apnéia, e este é o nosso grande enfoque. Porém, também fazemos outros diagnósticos diferenciais quanto à sonolência diurna excessiva e o tratamento é realizado de uma forma integrada, envolvendo médicos otorrinolaringologistas, pneumologistas e neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e dentistas, trabalhando juntos em prol do paciente”.
Por ser referência para o Departamento Regional de Saúde VI (DRS VI), o Laboratório recebe pacientes com distúrbios mais complexos, com doenças pulmonares e cardiovasculares associadas ou com hipertensões de difícil controle. “Nós investigamos se essa dificuldade de controle está relacionada ou não a alguma alteração no sono, principalmente à apnéia obstrutiva. Esta averiguação proporciona um diagnóstico muito mais completo, principalmente para pacientes com doenças mais complexas e isso gera um enfoque de uma complexidade que não é feita na grande maioria dos laboratórios”, aponta a coordenadora.
Além da parte assistencial, o Laboratório do Sono contribui para a produção científica sobre o tema. “Os estudos sobre o sono e os seus distúrbios respiratórios obstrutivos fazem parte de linhas de pesquisa tanto do Hospital como da Faculdade de Medicina de Botucatu, gerando iniciações científicas, defesas de mestrado e de doutorado, por exemplo”, descreve Dr.ª Silke.
Neste mês em que o sono de qualidade está em evidência, a médica reforçou a importância desta Semana. “Passamos, pelo menos, um terço de nossa vida dormindo e precisamos ficar bem durante o dia e a noite para uma rotina saudável. Cuidar de nosso sono é investir na qualidade de vida”, encerra. (Vivian Abilio – Assessoria de Imprensa – GCIM HCFMB).