A reportagem do 14News teve contato com o caso da existência de fila para conseguir procedimento de hemodiálise em Botucatu. Trata-se de um tratamento médico que simula a função dos rins, filtrando o sangue e removendo toxinas, impurezas e excesso de líquidos. O procedimento é indicado para pacientes com insuficiência renal aguda ou crônica graves.
A paciente geralmente fica no hospital até surgir uma vaga na fila da rede estadual. Só após isso pode ir para a casa – e comparecer diretamente na hemodiálise – três vezes por semana.
A mulher de 52 anos, segundo relatou o filho dela, tem pressão alta, diabetes e o rim está parado. “Ela não poderia ficar na Unesp. Em hospital, aumenta o risco de alguma infecção. Indo para casa poderia comparecer na hemodiálise da Unesp, três vezes na semana, mas dizem que não tem vaga – e nem previsão de alta – porque existem outras pessoas na espera”, relatou o filho da paciente.
O 14News apurou que esse tipo de problema de paciente que fica internado não ocorre somente no HCFMB, mas também em outros hospitais do Estado. Reportagens publicadas sobre o tema trazem os mesmos relatos.
RESPOSTA
“O Departamento Regional de Saúde (DRS) de Bauru informa que o atendimento aos pacientes que necessitam de hemodiálise ambulatorial é realizado com prioridade para os pacientes internados, seguindo ordem de prioridade clínica e cronológica a partir da data de inserção na Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross). A paciente V.L.G.O. foi inserida na regulação no dia 21 de outubro”, respondeu através da assessoria de imprensa da Saúde do Estado.
“Os pacientes internados recebem o tratamento adequado à sua patologia e, conforme normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde (MS), a Comissão de Infecção Hospitalar trabalha implementando medidas para evitar a infecção de qualquer paciente”, complementou.
O 14News também questionou o sistema utilizado para organização da fila e se há como aperfeiçoa-lo, mas não obtivemos resposta.
Essa demanda havia sido reportada também à Rádio Municipalista FM.
Crise Humanitária na Diálise
Um levantamento realizado em setembro de 2023 com secretarias estaduais de Saúde aponta aproximadamente 1.500 pacientes aguardando vagas em clínicas de diálise — em apenas oito estados da Federação e no Distrito Federal. Essa informação foi divulgada na época pelo próprio HCFMB.
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, todos os anos, cerca de 50 mil novos pacientes precisam de hemodiálise no Brasil. A situação é tão grave que já é classificada por especialistas como uma crise humanitária.
São aproximadamente 10.000 pacientes que aguardam o início do tratamento dialítico no País. No Estado de São Paulo, há uma estimativa de 1.000 pacientes nesta condição.
Na mesma matéria do hospital a divulgação trazia que um serviço imprescindível para manutenção da vida com um volume elevado de atendimentos diários. É desta forma que o Setor de Hemodiálise e Diálise Peritoneal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) pode ser classificado.
Os números evidenciam a grandeza da área. Entre os meses de janeiro e agosto de 2023, foram aproximadamente 20.000 sessões de hemodiálise realizadas em pacientes crônicos e mais de 1.900 sessões de diálise em pacientes com injúria renal aguda.
Para suprir a demanda atual, o Setor de Hemodiálise do HCFMB possui 62 máquinas dialisadoras, oito médicos, 14 enfermeiros(as), 46 técnicos de enfermagem, três nutricionistas, dois psicólogos e uma assistente social.
“A Doença Renal Crônica (DRC) progride de maneira lenta, gradual. E quando chega num estágio mais avançado, quando o rim funciona abaixo dos 15% de sua capacidade, começamos a discutir com o paciente as possibilidades de tratamento para substituir a função renal”, explicou na época o setor de Hemodiálise do HCFMB.
Veja todo o conteúdo lançado no release do HCFMB.