O nível crítico do reservatório, hoje em 17% de sua capacidade, foi discutido na segunda-feira (04), em reunião com a concessionária CTG Brasil, que administra a hidrelétrica. A baixa está impactando o turismo e a economia dos municípios banhados pelo Rio Paranapanema.
População, secretários municipais, vereadores, empresários e defensores da causa ambiental estiveram no encontro realizado nas dependências do Centro Cultural “Esther Pires Novaes”.
Além de defender a união entre população, imprensa e lideranças regionais, o prefeito de Avaré, Jô Silvestre, defendeu a adoção de novas medidas para ampliar a pressão pela defesa da Represa Jurumirim, considerada o cartão-postal da Estância Turística de Avaré.
A empresa afirma estar obrigada a cumprir as regras do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão que coordena a produção de energia elétrica no país. O nível do reservatório, portanto, varia de acordo com a demanda exigida pelo ONS.
O fator climático e a inexistência de novos reservatórios para suprir o consumo também estariam contribuindo para o quadro, continua a concessionaria.
A maioria dos presentes, contudo, não ficou satisfeita com a explicação. Moradores e empresários utilizaram a palavra para questionar a empresa e enfatizar as perdas econômicas registradas na orla da represa.
Outras medidas
Em sua exposição, o prefeito Jô Silvestre lembrou que o nível nunca chegou a um ponto tão crítico, mesmo durante outras estiagens.
“Alguma coisa está errada. Se a rede é interligada, por que usar apenas nossa água para produzir energia? A situação está prejudicando não só o turismo, mas também o meio ambiente”, reiterou.
O chefe do Executivo avareense também criticou o “jogo de empurra-empurra” entre concessionária, ONS e Agência Nacional de Águas (ANA), que regula o acesso e o uso dos recursos hídricos de domínio da União, e disse que irá solicitar a intervenção de Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente. A ausência da ONS e da ANA no encontro também foi apontada pelo gestor.
Já o secretário municipal de Meio Ambiente, Judésio Borges, afirmou que a CTG Brasil não vem cumprindo requisitos ambientais previstos em contrato, o que a empresa nega.
Os secretários Romualdo Fontes (Turismo), Ronaldo Guardiano (Administração), Carla Flores (Comunicação), Sandra Theodoro (Indústria e Comércio), Ronaldo Vilas Boas (Agricultura), Léo Rípoli (Esportes), Diego Beraldo (Cultura), Glauco Fávaro (Habitação) e Abelardo Mendes (Serviços) também estiveram na audiência.
Também presente ao ato, o deputado estadual Fernando Cury parabenizou o protagonismo da Prefeitura de Avaré na defesa da causa e sugeriu o acionamento do Ministério Público e a gestão junto a deputados federais que possam apoiar a luta.
O parlamentar defendeu ainda a convocação dos agentes envolvidos – concessionária, ONS e ANA – para a discussão do assunto na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Moção de repúdio
A insatisfação com o nível da água já foi formalizada em dezembro de 2018 por meio de moção de repúdio assinada em conjunto por prefeitos da região. Além de Avaré, Arandu, Cerqueira César, Itaí e Itatinga assinaram o documento articulado pelo Executivo avareense.