“Primeiro é preciso deixar claro que não há qualquer razão para o hospital ocultar informações dessa natureza. Depois, precisamos tomar muito cuidado para não estigmatizar esse ou aquele funcionário, essa ou aquela pessoa que eventualmente apresente o vírus.
Lembremo-nos que muitas pessoas contrairão o vírus e não apresentarão qualquer sintoma, podendo ser um transmissor, evidentemente involuntário, sem saber que está transmitindo.
O que efetivamente aconteceu com este caso específico, é que o resultado do exame a que se submeteu o funcionário e que apontou o teste positivo para COVID-19, tornou-se do conhecimento de todos os envolvidos, inclusive o hospital, apenas no sábado (25).
Vale registrar que, quando apresentou sinais e sintomas sugestivos para COVID-19, o funcionário foi afastado de suas funções, o que se deu a partir do último dia 18 de abril. Imediatamente após a confirmação do caso, o hospital tomou todas as providências preconizadas para a situação.
Informou a Vigilância Epidemiológica do município para dar início ao mapeamento de prováveis pessoas com quem o funcionário manteve contato recente, inclusive eventuais pacientes por ele atendidos. Por prevenção, o hospital identificou outros funcionários que tiveram atuação mais direta com o funcionário que testou positivo e, em acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, convocou a todos para a realização do “teste rápido”.
Foram testados, ainda no domingo (26), 13 funcionários, todos sem sinais ou sintomas sugestivos e todos apresentaram resultado negativo. Houvesse alguém no grupo com resultado positivo ou mesmo apenas com sinais ou sintomas sugestivos, teriam sido imediatamente afastados de suas funções.
Enquanto isso, não podemos garantir que outras pessoas que circulam pelo hospital não sejam portadores do Coronavírus, sejam funcionários, médicos, pacientes ou acompanhantes. Se não apresentam sintomas, se não temos como testar indistintamente a todos, não há muito o que ser feito e, convenhamos, testar negativo hoje, não significa que não se possa estar contaminado amanhã.
É preciso que continuemos nosso trabalho, com dedicação, respeitando e observando procedimentos técnicos de prevenção e proteção individual e coletiva. O hospital não vai se furtar ao enfrentamento da epidemia, com toda responsabilidade que lhe é peculiar, mas também não vai contribuir para o pânico ou para criar insegurança aos que dele dependem ou aos que nele atuam.
Os dados que temos sobre a pandemia apontam que 12% dos profissionais da saúde adoeceram com a COVID-19, o que não significa dizer que a contaminação se deu exclusivamente no serviço de saúde, muitos podem ter se contaminado na própria comunidade em que vivem e, até que fizeram os testes que tenham confirmado sua contaminação, permaneciam trabalhando e ajudando pacientes que efetivamente estavam doentes.
Importa que a comunidade saiba os números relativos à COVID-19, no município e mesmo na região. Importa que a estrutura da saúde possa monitorar todos os casos conhecidos e agir para evitar a transmissão desordenada e contínua. Importa que todos façam sua parte, com medidas de higiene pessoal e evitando aglomerações. Saber se eram funcionários da saúde ou não, pode ser importante apenas para reforçar o reconhecimento a todos que atuam nessa área.
É importante para sabermos que temos razões para aplaudir a todos e não para supostamente sugerir que esses trabalhadores estejam contaminando a outros.
Gestão do Hospital Nossa Senhora da Piedade