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Bióloga egressa da Unesp de Botucatu é premiada com o “Oscar Verde”

Considerado um dos mais prestigiados prêmios referentes à conservação no mundo, e por isso chamado de “Oscar Verde”, o Whitley Award, do Whitley Fund for Nature (Reino Unido), divulgou no dia 29 de abril os seus grandes vencedores do ano. Duas brasileiras, em diferentes categorias, foram reconhecidas por seu trabalho científico para a conservação da biodiversidade no País.

Dentre elas está Gabriela Cabral Rezende, ex-aluna do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, ganhadora do Whitley Award, oferecido também a mais cinco conservacionistas de outros países. Além de Gabriela, a pesquisadora Patrícia Medici venceu o Gold Award, principal premiação da fundação. Ambas são pesquisadoras da ONG IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, e dedicam-se à conservação do mico-leão-preto e da anta brasileira, respectivamente. Essas espécies da fauna enfrentam importantes ameaças causadas por ações humanas.

O prêmio é entregue anualmente em cerimônia oficial em Londres, pelas mãos da Princesa Real, Princess Anne. Entretanto, este ano a Premiação Whitley 2020 foi adiada em função da pandemia do COVID-19. De qualquer maneira, os vencedores receberão seus respectivos prêmios: reconhecimento por seus feitos na conservação de espécies ao redor do mundo e recursos financeiros a serem aplicados na continuidade de seus projetos.

Maior corredor reflorestado do Brasil

Gabriela é bióloga e coordena há quase uma década o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto, iniciativa do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) que iniciou há 35 anos, com o primatólogo Claudio Padua, no Pontal do Paranapanema.

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Neste período foi possível criar o maior corredor reflorestado do Brasil, com mais de 2,7 milhões de árvores plantadas (20 km de extensão), que conecta o Parque Estadual Morro do Diabo e a Estação Ecológico Mico-Leão-Preto. Essencial à proteção e circulação dos micos nesta região.

O financiamento do Whitley Award permitirá que Gabriela replante mais corredores. O objetivo é conectar todas as populações de mico-leão-preto em uma área de floresta contínua de cerca de 45 mil hectares (45 mil campos de futebol).

Monitoramento dos primatas

Além disso, a pesquisadora pretende transferir grupos de micos-leões-pretos para porções de florestas mais adequadas para sua sobrevivência e fazer com que estejam presentes em toda essa extensão de floresta. Isso é parte de um plano para prevenir a consanguinidade genética e garantir que esses pequenos primatas tenham os recursos necessários para sobreviver. Além disso, os esforços educacionais do IPÊ pela espécie continuarão na região.

Atualmente, a pesquisadora e aluna de doutorado na UNESP Rio Claro, está engajada nos estudos para manejo da espécie e experimentos inovadores que contribuam com o levantamento de dados mais apurados sobre a movimentação e uso de recursos pelos micos.

Entre eles está a instalação de caixas dormitório em áreas de novas florestas restauradas onde ainda não existem ocos naturais nas árvores para uso do primata. Sob a liderança de Gabriela, o projeto também trouxe os primeiros colares com GPS a serem utilizados em animais de pequeno porte no Brasil, tecnologia essa que será utilizada para monitoramento dos animais transferidos com os recursos do prêmio.

“Esse é um trabalho integrado. Não só da pesquisa em si, mas de educação ambiental, de restauração da paisagem, de envolvimento comunitário. É essa integração que faz um trabalho de conservação acontecer. A pesquisa científica do mico-leão-preto pode ganhar ainda mais impulso caso sejamos ganhadores, então significa muito para nós estarmos nessa final”, comenta.

Sobre o prêmio

O Whitley Awards 2020 recebeu 112 trabalhos inscritos. Destes, 15 foram selecionados para a final e seis foram premiados com £40 mil (pouco mais de R$ 200 mil para um projeto de um ano), valor doado por instituições e fundações ligadas ao meio ambiente, como a WWF.

Redação 14 News

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