Uma residente de veterinária da Unesp de Botucatu postou uma situação de estar sendo seguida insistentemente dentro do campus de Rubião Jr, caso que evoluiu para ligações no seu celular. Veja a postagem em rede social:
“EDIT: NÃO DEI MEU NÚMERO PARA ELE. Ele tem direito a cópia do BO, coisa que não sabia. Portanto é assim que ele tem meu número e meu endereço, assim como o endereço da testemunha que foi comigo.
EDIT 2: Obrigada a todos pelo apoio e ajuda! Estou tentando responder mas não estou conseguindo! Muito obrigada de coração! Quando puder vou responder. Já estou indo para uma reunião com um advogado e estava no fórum. Obrigada!
Sou médica veterinária e atualmente trabalho em Botucatu/SP.
Em abril desse ano estava na UNESP em meu horário de almoço eu fui ao banco. No percurso fui abordada por um homem, aparentemente com uns 30 anos, me perguntando se eu queria namorar com ele e foi assim que tudo começou.
Na hora, uma situação inusitada, achei que era brincadeira, pois nós mulheres, infelizmente temos que lidar com todo tipo de assédio todos os dias.
Porém, a partir dessa ocasião ele passou a me esperar na saída do local onde trabalho, Hospital Veterinário da UNESP/Botucatu, todo dia no horário de almoço, entre 11h30 – 12h00. Todos os dias, ele me seguia até o restaurante Bom Prato.
De inicio, ele não me abordava, no máximo me cumprimentava.
No final do mês de maio e junho, ele começou a me abordar de uma forma constrangedora e invasiva, me perguntando se eu queria namorar com ele, declarando seu amor e outros devaneios.
No final de junho tirei 15 dias de férias, e ao retornar as coisas se intensificaram. Ele tentava sentar ao meu lado durante o almoço, e quando conseguia, era rude e invasivo. Até que dia 12 de julho, ele estava me aguardando após o almoço, em frente ao HV, com um presente e tentou me abraçar (ou beijar, não sei), me afastei assustada e sai rápido dessa situação.
No mesmo dia (12/07), fui com uma amiga no posto policial ao lado do campus informar o ocorrido e toda a história, para saber como proceder nessa situação. O policial verificou as câmeras de segurança e confirmou a história. Procurou ele no campus no mesmo dia, e pela imagem, conseguiu identificá-lo. Porém, como não foi comprovada ameaça ou agressão, não tinha o que ser feito.
No dia 04 de agosto, domingo, estava em casa quando recebi várias ligações do meu local de trabalho, dizendo que ele havia ido durante o plantão me procurar no hospital veterinário. Chegou a entrar no departamento e perguntar por mim para pessoas que estavam no local, afirmando que sabia que eu trabalhava lá. Meus colegas, cientes da história, mentiram falando que eu estava de férias. De forma agressiva, ele respondeu que sabia que era mentira.
Na segunda, dia 05 de agosto, por volta das 08 horas da manhã, estava a caminho da delegacia da mulher, para fazer o boletim de ocorrência, quando recebi outra ligação do meu local de trabalho, avisando que ele estava lá novamente. Os funcionários entraram em contato com a polícia militar, que foi até o local. A polícia o encontrou no ponto de ônibus (possivelmente indo embora, depois de reparar a movimentação), e o conduziram até a delegacia da mulher, onde eu estava.
Na delegacia da mulher de Botucatu/SP, que deveria ser acolhedora, ouvi deboche da situação, desdenho e comentários absurdos como: “Se ao menos ele fosse bonito” “Nossa, ele te ama, veio da Bahia para arrasar corações” “É porque você é bonita”. Quando ele chegou, iriam colocá-lo na mesma sala que eu, tive que pedir para que não o fizessem, pois estava com medo.
Após fazer o boletim de ocorrência, mesmo com testemunhas de todos os ocorridos, me informaram que não poderiam tomar nenhuma medida protetiva contra ele, pois eu “não tinha vínculo afetivo com o mesmo”.
Após aproximadamente uma semana, ele me abordou novamente no horário de almoço. Minha amiga gritou com ele, pediu para se afastar, que parasse com tudo isso e que fosse embora. Para não encontrá-lo novamente, me privei de transitar dentro da UNESP e pegar ônibus. Agradeço imensamente aos amigos que me oferecem caronas.
No decorrer das semanas, um amigo avisou ter visto ele dentro do ônibus que eu costumava usar para voltar para casa.
No dia 17 de setembro, acordei com várias mensagens no meu celular, enviadas por ele as 04 horas da manhã (Segue as mensagens). Fiquei extremamente assustada.
Fui na delegacia da mulher no mesmo dia (17/09), para saber o que poderia ser feito, e foi quando eu ouvi “não podemos fazer nada, porque a lei é frágil e não houve ameaça”.
A partir desse dia, bloqueei ele do whatsapp, porém ele começou a ligar incansavelmente.
Para me afastar disso tudo, adiantei meu estágio de residência para o mês de outubro, na Bahia. Ele continuou me ligando e mandando mensagens de texto, usando diferentes números.
Agora no meu retorno, continuo me privando da minha rotina normal. Evito sair sozinha e pegar ônibus.
Hoje, dia 13 de novembro, recebi a notícia de que ele foi até a residência de uma das testemunhas do boletim de ocorrência, por volta das 18:30h, perguntando se eu morava lá. A pessoa que atendeu ele no portão, já sabendo da história, mentiu falando que eu tinha me mudado. Ele respondeu que iria PROCURAR NO OUTRO ENDEREÇO, E QUE NÃO IA PARAR ATÉ ENCONTRAR.
Ligamos na delegacia para contar o ocorrido, e a única coisa que falaram foi que por não se tratar de mensagens de morte e sim de mensagens de amor, eles não poderiam fazer nada.
Eu sinto medo, não só por mim, mas por todos os envolvidos e por isso estou expondo a situação”, fim da mensagem.
(do 14News)