Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostra que o País contava com 796 mil profissionais de segurança pública em 2023. Desses, 404 mil são policiais militares, e 114 mil policiais civis e peritos.
De acordo com a pesquisa, o efetivo caiu na comparação com o número de policiais que o País tinha dez anos antes, em 2013: A principal diminuição, de 6,8%, ocorreu na quantidade de policiais militares; houve também queda, de 2%, no número de policiais civis e peritos. Os dados, divulgados em fevereiro, são do Raio X das Forças de Segurança Pública do Brasil.
Já no âmbito das guardas municipais houve um acréscimo. Por isso a reportagem foi ouvir o Secretário Municipal de Segurança de Botucatu, Marcelo Emílio, onde o aumento de agentes foi de 100% ante os 35,7% da média no País. No mesmo ano, o Município obteve índice da segunda cidade mais segura do Brasil.
SECRETÁRIO MARCELO EMÍLIO:
“A recente divulgação do crescimento das Guardas Municipais no Brasil em 35,7% não foi surpresa, pois há muito tempo comento com todos que isso é uma tendência nas políticas públicas municipais de segurança pública no Brasil, tendo em vista que a GCM goza da confiança e credibilidade da população, da imprensa, dos políticos, de empresários e autoridades públicas e de vários órgãos públicos porque se tornou um grande apoio para as forças policiais no combate à criminalidade, na prestação de serviços em prol da sociedade, além de contribuir para manutenção da ordem das cidades e realizar outras ações que vão além da segurança pública”, comentou.
Segundo Marcelo Emílio, em Botucatu, o governo Mário Pardini, percebendo a importância da GCM para a cidade, não mediu esforços para aumentar o efetivo da guarda municipal. “Enquanto no Brasil foi divulgado o crescimento de 35,7%, Botucatu o efetivo cresceu mais de 100% na atual administração, pois em 2017 havia aproximadamente 65 GCMs e hoje o efetivo é de 150 Guardas Municipais”, descreveu.
Além da ampliação do efetivo, ele destaca que “muitos foram também os investimentos na segurança pública em Botucatu, como a implantação da Muralha Virtual, renovação e ampliação da frota de viaturas, compra de equipamentos e de armamentos a GCM”. “E os investimentos não param, pois trabalhamos na ampliação do sistema de monitoramento em nossa cidade ainda em 2024 e nosso esforço atual é melhorar e aumentar a base da corporação e outras medidas pensando também na valorização dos agentes da GCM de nossa cidade”.
O Secretário reforça que o trabalho deve ser em parceria com as demais forças de segurança. “Todo o esforço foi pensando na segurança da cidade, na proteção das pessoas e certamente, aliado ao trabalho integrado da GCM com a Polícia Civil e Polícia Militar, atualmente Botucatu é conhecida como uma das cidades mais seguras do País”, finalizou.
ANÁLISE NACIONAL
“Na maior parte dos estados houve uma redução do efetivo dessas forças. Mas embora haja essa queda no efetivo, há muitos policiais que estão trabalhando em atividades meio, não nas atividades fim da Polícia Militar, como o policiamento ostensivo, policiamento nas ruas, nas rondas, na prevenção, na parte preventiva da polícia”, destaca Giane Silvestre, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De acordo com a representante, para aumentar o efetivo nas ruas, seria necessário liberar policiais que estão em atividades internas. “Tem muitos policiais militares que trabalham na parte administrativa da própria instituição, um trabalho que não necessariamente requer uma expertise de Polícia Militar, que poderia ser feito por outras pessoas. É preciso repensar essa estrutura burocrática administrativa das instituições, liberando esses policiais que estão nas atividades-meio”, ressalta.
Ela destaca ainda que há muitos policiais militares deslocados para outras finalidades, como a segurança de autoridades, efetivo que poderia reforçar o policiamento ostensivo. “Estão atuando em outros órgãos, fazendo segurança de autoridades, como juízes, desembargadores, promotores, procuradores. E essa cessão de policiais militares a outras instituições também agrava esse quadro de redução de efetivo nas polícias militares”.
Mulheres
O levantamento do FBSP mostra ainda que somente 12,8% do efetivo das PM estaduais é composto por mulheres. A porcentagem é menor, por exemplo, que a representação feminina na Câmara dos Deputados (14,8%).
“É preciso chamar atenção também para isso, o quanto que a falta de diversidade de gênero está concentrada nas instituições militares. O que está relacionado com uma percepção de segurança pública muito equivocada, que preza por uma ideia de que a segurança pública tem que ser feita pelo enfrentamento, pelo uso da força. E aí são dois equívocos, essa ideia em si e a ideia que as mulheres não têm condições de fazer esse tipo de trabalho”, afirma.