Foram três longos anos até que pesquisadores da UnB, Universidade de Brasília, conseguissem um feito inédito: conquistar junto a Anvisa, Agência de Vigilância Sanitária, a autorização para importar o canabidiol, substância derivada da maconha, para fins de pesquisa.
E os resultados desse estudo podem revolucionar o tratamento de dependentes de crack e outras drogas. Isso porque ele será pioneiro em testar os efeitos do CBD – o canabidiol – na recuperação desse tipo de vício.
Uma esperança para mães como a que vamos chamar de Margarete, que tem um filho de 28 anos de idade usuário de crack há 13 anos.
Sonora: “Fui deixar as coisas lá pra ele, né? Aí veio surtado dentro do carro, pedindo pelo amor de Deus R$20 e que eu deixasse ele na praça pra ele comprar uma pedra. Chegou aqui na casa dele descalço, vendeu o tênis dele no meio da rua. Uma situação muito difícil. Eu estou muito arrasada, estou descrente mesmo, chateada demais, não sei o que eu vou fazer”.
A pesquisa vai selecionar 80 pessoas, com idades entre 18 e 65 anos e que sejam usuários de crack há pelo menos 12 meses.
Os voluntários serão tratados por onze semanas, dentro da rotina deles – sem a necessidade de internação. A ideia é que se possa avaliar a relação dos usuários com o crack depois de iniciado o estudo, se haverá redução da ansiedade, fissura, síndrome de abstinência e até a diminuição da procura pela droga.
Os selecionados serão divididos em dois grupos: um deles vai receber o tratamento convencional, já ofertado pelo SUS. E o outro, será tratado com o CBD – sem que os pacientes saibam qual medicamento estão tomando.
Outro ponto é observar de perto os efeitos do canabidiol, como explica a professora da UnB e responsável pela pesquisa – Andreia Galassi.
Sonora: “Nosso grande objetivo é tentar verificar se esse medicamento, que tem pouco efeito colateral e baixa toxicidade ele pode ser efetivo. E aí imaginar que ele possa ser um medicamento que se seja efetivo não só para a dependência de crack, mas de alcool ou de qualquer outra droga.”.
Se for comprovado que o tratamento a base de canabidiol tem mais eficácia que o ofertado pelo SUS, o estudo vai ser ampliado e incluirá novos voluntários.
(Da Agência Brasil).