Para que a arte existe? Não são somente traços ou desenhos elaborados mas, além do que os olhos vêem, existe inspiração, transpiração e amor em cada traço.
Nas últimas semanas, a parte externa da Enfermaria de Pediatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) foi presenteada em forma de arte, sendo o cenário escolhido pelo artista botucatuense Gustavo Varoli para receber desenhos encantadores, que dão vida e alegria ao ambiente em que tantas crianças recebem cuidados especiais.
São gatinhos, dinossauros, dominós, emas, tigres, um par de asas infantil e uma lousa em que os pequenos podem dar asas à sua imaginação e esquecer, ao menos por alguns minutos, dos desafios cotidianos da internação.
Em sua trajetória profissional, Gustavo pode ser um dos exemplos que ilustram a frase do poeta maranhense Ferreira Gullar: “a arte existe porque a vida não basta”. Formado em Artes Cênicas e Marketing, o botucatuense viveu 18 anos na capital paulista, mas decidiu retornar à cidade dos bons ares para se dedicar à pintura de quadros, sua paixão desde criança.
“Desde 2017, tenho uma escola de pintura em Botucatu, com alunos de todas as cidades, até que a pandemia veio e mudou tudo. Liguei para um amigo de São Paulo que me motivou a expandir os horizontes e começar a pintar em paredes, algo que nunca fiz em 33 anos de arte. Meu quarto virou minha sala de estudo e, neste ano, um abrigo de São Manuel me chamou para fazer um trabalho filantrópico, bem como na primeira escola integral feita pela prefeitura de Botucatu, e deu muito certo”.
Os trabalhos de Gustavo chamaram a atenção do vice-presidente da Comissão de Captação de Recursos Externos do HCFMB, Luiz Aurélio Pagani, que, observando a necessidade da Pediatria, fez o contato com o artista. “Vi alguns trabalhos do Gustavo e já tínhamos feito uma parceria no IB. Quando fiquei sabendo da ideia da pintura pela equipe, liguei para ele e o convite foi aceito de primeira. Acredito que o trabalho atendeu plenamente o que a Pediatria precisava”.
Assim como em uma consulta médica, antes de iniciar as pinturas, Gustavo faz um diagnóstico do local, verificando o público que mais permanece e entendendo as idéias da equipe do setor. “A liberdade é fundamental para desenvolver os desenhos. Gosto bastante de criar juntando elementos, propiciando uma experiência das pessoas com a arte”.
A reação das crianças e dos adultos que passam pela Pediatria e se encantam com os desenhos mostra que esta experiência tocou o coração de todos, principalmente neste período em que os abraços e a interação com os pequenos tiveram que se reinventar. “Com a pandemia, a Pediatria estava um pouco apagada, sem as festas comemorativas e com a classe hospitalar e a brinquedoteca fechadas. Nos últimos dias, o Gustavo, através do seu dom, trouxe a alegria de volta, a cor que estava faltando e o que fica é gratidão por esse profissional e pessoa maravilhosa que tivemos o prazer de conhecer e que, em tão pouco tempo, trouxe o sorriso no olhar de todos”, afirma a enfermeira Janaina Chinaque Francisco, Supervisora técnica da Enfermaria de Pediatria.
E é este resultado que incentiva Gustavo a continuar este trabalho, inclusive com a proposta de ilustrar mais locais na Unesp com sua arte. “Filantropia é algo que mexe muito comigo, porque me faz refletir sobre o tamanho que damos aos nossos problemas. Eu saio daqui emocionado todos os dias e me sinto o homem mais feliz do mundo, pois o retorno que tenho é divino e me dá forças para dividir a arte com as pessoas”, encerra. (Da assessoria do HCFMB – Maíra Masiero).