A pensionista Maria Lucia de Azevedo Domingos, de 56 anos, de Botucatu teve o seu caso acompanhado pelo 14News. Ela teve AVC (Acidente Vascular Cerebral) em Bauru e ficou provisoriamente internada em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) por 7 dias até conseguir transferência ao Hospital de Base de Bauru.
Após a reportagem ir em busca de maiores informações, o leito foi liberado.
Nesta sexta-feira (02) a família confirmou que ela morreu no Hospital de Base de Covid-19.
“Ela ficou 7 dias esperando um leito de UTI, onde ela contraiu Covid. E no Hospital de Base só davam informações por telefone e pela internet, mas sempre a mesma coisa. Parecia um copia e cola. Em nenhum dos boletins eles falaram também que ela estava com sintomas gripais. Falavam que estava bem e respirava em ar ambiente. E na quinta-feira comunicaram que estava no oxigênio. Ela foi internada com AVC e morreu de Covid por falta de cuidados maiores”, disse Poliana Neves, que é nora da pensionista.
LACRADO
A família lamentou também que após saber que o caso era grave e o óbito, a despedida foi triste. “Inclusive não pudemos nem fazer um velório decente. O caixão estava lacrado e foi colocada dentro de um saco preto. O que informaram para nós foi que tinha que ser caixão lacrado, mas não sabemos se foi a funerária daqui. A hora que minha cunhada reconheceu o corpo em Bauru ela já estava no saco preto. Aí eles rasgaram um pedaço para fazer o reconhecimento”, contou a nora de Maria Lucia.
A pensionista foi sepultada na sexta-feira em Botucatu.
Secretaria Estadual de Saúde se pronunciou
Nota encaminhada ao 14News nesta segunda-feira (05): “As informações prestadas à reportagem quanto à conduta do Hospital de Base de Bauru não procedem. A Sra. Maria Lucia de Azevedo Domingos foi internada na unidade em 22 de junho com quadro clínico grave de AVC e hemorragia, além de fortes sintomas gripais que sequer foram informados pelo serviço de origem em que a paciente estava anteriormente assistida em leito de UTI. A paciente passou por avaliações especializadas e recebeu toda assistência necessária ao seu caso, inclusive com exames que confirmaram a contaminação por Covid-19, mas infelizmente não respondeu aos cuidados e foi a óbito na última sexta-feira (2). O hospital se solidariza com a família e permanece à disposição para esclarecimentos”, informou.
A nota do Estado continua: “Vale destacar que o Hospital de Base de Bauru opera com foco no atendimento aos casos emergenciais não-Covid. Na eventualidade de pacientes que testem positivo para a Covid-19, há leitos que permitem isolar e tratar esses pacientes já internados, o que garante a segurança dos pacientes, familiares e colaboradores. Estes pacientes são acolhidos e recebem todo o atendimento necessário até a transferência para um hospital de referência para COVID-19, caso necessário”, finalizou a Secretaria da Saúde.
A Secretaria de Estado da Saúde reitera ainda o risco potencial de infecção pela doença envolvido em manejo de corpos e preza pela prevenção de profissionais envolvidos no processo. Autoridades sanitárias nacionais e internacionais não recomendam a realização de autópsias e velórios, considerando o risco epidemiológico e de transmissibilidade da doença.
Sistema Prever
O 14News procurou também a empresa que fez o funeral. “Na causa morte por Covid-19 o protocolo no Brasil é o corpo sair do Hospital acondicionado em 2 invólucros e com urna lacrada. Não é uma opção nossa, é uma norma legal que somos obrigados a observar. Gostaríamos que fosse de outra forma, sabemos o quanto este protocolo é penoso para a família. Lamento”, comentou o empresário Lourival Panhozzi. (do 14News).