O pedreiro Anderson Antonio de Camargo, 27 anos, acampou em frente à obra do Residencial Cachoeirinha 3, na região do Jardim Ciranda e Cohab 2, setor Leste de Botucatu (SP), onde fez um protesto contra o atraso da entrega das chaves dos apartamentos do programa “Minha Casa, Minha Vida” do Governo Federal.
Ele foi contemplado, mas não conseguiu ainda se mudar com a família. A obra não foi finalizada pela construtora. A empresa é a mesma que já fez 3 módulos, mas esse último não foi terminado. Ao todo, os 4 Cachoeirinhas abrigam 992 moradias.
Nesta sexta-feira (08), Anderson montou uma lona no muro (lado de fora) do empreendimento e se instalou com a esposa e mais 3 filhos de 7, 10 e 11 anos.
A dona de casa Bárbara de Souza Carvalho, de 22 anos, também aguarda para concretizar o sonho de ter o seu apartamento. O esposo que tem deficiência, Jorge Luiz de Paula, foi o sorteado. Eles têm uma criança de 2 anos e 2 meses. O casal e a mãe de Bárbara também foram ao local para protestar. Eles moram na Vila Antártica e pagam R$ 700 de aluguel. “Como não foi feita a entrega dos apartamentos as pessoas têm de ficar renovando contrato do aluguel, e conversando com os donos das casas, ou seja, sempre pedindo mais prazo”, explica Bárbara.
A funcionária pública Claudete Gomes que mora no Parque Marajoara também espera as chaves. “Minha situação é igual a de todos. Pago 600 reais de aluguel. Estou fora do contrato (que venceu) e não sei mais o que falar para a dona da casa. Ela precisa do imóvel para aumentar o valor do aluguel. Eu preciso muito (do apartamento). Tenho uma menina e um menino de 9 anos e outra de 12. E como que faço se ela me pede a casa? Fico mudando prazo, mas vai chegar uma hora que ela não vai esperar mais. A previsão era para outubro e a gente achava que iria passar o Natal no apartamento novo, mas isso não aconteceu. Precisamos de uma posição. Do que jeito que está não pode ficar”, disse.
A obra faz parte do programa do Governo Federal com execução da Caixa. O pedido dos apartamentos foi feito pela Prefeitura, mas o pagamento e entrega das obras são feitos pela empresa. A administração municipal atua junto ao banco nos trâmites de sorteio, seleção, recebe documentos e ajuda depois quando as famílias irão fazer a visita e escolha dos apartamentos.
No local há um alojamento de trabalhadores. As pessoas que foram fazer protesto no local alegam que os funcionários contaram que estão sem receber o 13º e não estão executando os serviços.
A reportagem procurou a Caixa, a empresa responsável e a Prefeitura de Botucatu. Por enquanto a resposta veio da administração municipal e da Caixa.
“A Prefeitura se pronunciará sobre o prazo de entrega do Residencial Cachoeirinha 3 após manifestação da Caixa Econômica Federal, visto que a participação da Administração Municipal se dá apenas na apresentação de projeto e intermediação para viabilização da obra. Contratação e gestão da obra são de responsabilidade da agente financiadora, no caso a Caixa. A Prefeitura se solidariza com a angústia das famílias e se compromete a continuar acompanhando de perto a situação para cobrar rápida solução”, informou em nota na tarde de sexta-feira.
O Residencial Cachoeirinha faz parte do Programa Minha Casa Minha Vida, que atende famílias de baixa renda. As unidades têm 47,22 m² de área privativa, além de espaços de lazer com quadra poliesportiva, salão de festas, playground e quiosque.
Na tarde de sexta-feira o secretário municipal da Prefeitura, Luiz Guilherme, esteve conversando com os contemplados. Eles disseram que receberam a palavra de que haverá empenho para que as obras sejam finalizadas pela empresa. Para que isso ocorra vai se manter conversar com a Caixa e a construtora. Ele retornaria à noite para falar com as pessoas que permaneciam no local.
A Caixa emitiu nota na noite de sexta-feira:
“A CAIXA esclarece que a data de entrega dos empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida é definida somente após conclusão das obras, legalização do empreendimento e aceite das concessionárias, de forma a garantir a habitabilidade”.
“Em relação ao Residencial Cachoeirinha 3, informamos que a empresa Qualyfast Construtora Ltda, responsável pelo empreendimento, solicitou reprogramação do cronograma de conclusão, por questões relativas à gestão das obras e serviços, justificadas pela situação de pandemia. A previsão atual de conclusão é abril de 2021 e a CAIXA está acompanhando o andamento das obras, por meio de visitas e reuniões semanais, para que a entrega do empreendimento ocorra dentro do planejado”, informou a Caixa ao 14News.
Pessoas deixam o local
Atualiza – 09/01 (sábado) – As pessoas dizem que a prefeitura tenta agendar reunião com a empresa e a Caixa. Isso deve ocorrer na terça à tarde com 5 representantes dos sorteados. Elas deixaram o local em acordo a pedido do secretário municipal da prefeitura, dizem eles, para que não se exponham ao tempo.