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Aquilo que é do povo

Em efervescência no meio midiático, a temática da política pode vestir diversos trajes – desde o guerrilheiro latino ao de um cavaleiro real – e alcançar de maneiras diretas e indiretas nosso cotidiano. Do bolo conceitual diversas palavras-chave surgem e, por diversas vezes, confundem o receptor. Entender a origem dessas palavras, dos conceitos envolvidos, é um dos caminhos para o exercício da cidadania e entendimento de lutas, debates e sacrifícios da nossa própria história.      

O casamento do fim de semana, muito badalado por sinal, coloca em exposição um regime “clássico” do nosso imaginário, comum em contos de fadas e histórias místicas. Atualmente, não é bem assim. O regime inglês teve seus moldes definidos – ou pelo menos direcionados – durante a revolução gloriosa de 1688 aonde cada vez mais poder político era colocado nas mãos de um parlamento e de um primeiro ministro, ao invés de concentrá-lo com os monarcas. O que não mudou é a característica real atrelada à família, não somente da nomenclatura em si, mas do tratamento como um todo, sendo nítida a diferenciação entre o que é da realeza e o que é plebeu, do povão.

Os regimes políticos participativos, aqueles que colocariam em pé de igualdade eleitores de uma mesma nação, tem grande parte de suas origens conceituais nas civilizações greco-romanas. A república, a coisa do povo debatida por Platão, seria um modelo justo de governo, com o intuito de favorecer e ser decidido pela maioria. Não é bem assim, contudo, que a situação se desenrola na Venezuela. Com a reeleição do líder Maduro, a campanha fica em destaque e vem sendo alvo de constantes críticas sobre até que ponto foi válido o sufrágio perante denúncias de manipulação, sem descartar  os interesses internacionais – 14 países, até o momento, se posicionaram não reconhecendo o governo como legítimo – que por muitas vezes, ficam em dissonância com os posicionamentos venezuelanos e que podem influenciar diretamente a situação do país, com bloqueios econômicos e variadas sansões restritivas.

Em território nacional as confusões terminológicas e conceituais (nome brando para a atual gestão do nosso Estado) não são recentes. Desde seu início, da transição do modelo monarca para o republicano, o país já sofria com o embate de interesses econômicos e políticos, de cunho privado, interferindo na administração da máquina de governo. Da passagem do privado (do que pertence à família real) para o público (daquilo que é de todos) ficou caracterizada a troca de interesses, da troca de um grupo pequeno, por outro que, a sua maneira, manteve características elitistas de governança. Ainda em Platão, Oligarquia – um governo de poucos que beneficiária os mesmos – seria um modo injusto de se fazer política.

Política, por muitas vezes (e intencionalmente), nos dá a impressão de ser um assunto “chato”, demasiadamente complicado e motivo de brigas e discussões. Pode até ser, contudo, o não entendimento básico dos significados de cada termo é uma arma perigosíssima dos governantes e demais interessados (como a mídia, por exemplo) contra a população, arma que interfere de maneira ativa na dinâmica diária de nossas vidas, gostando ou não. Aos demais, o entretenimento real não dá sinais  de que vai acabar, nem de que vai largar o osso.                                                                               

Redação 14 News

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