O Programa de Transplante de Órgãos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) realizou nesta semana seis transplantes de órgãos sólidos. Um fígado, três rins e dois corações foram transplantados em pacientes, que já se encontram estáveis e sob cuidados da Enfermaria de Transplantes do HCFMB.
Três transplantes diferentes – rim, fígado e coração – foram realizados no mesmo dia, praticamente ao mesmo tempo. Os procedimentos, considerados de alta complexidade, envolveram uma equipe multidisciplinar, que no mesmo dia, em três salas diferentes, renovaram a esperança de pacientes que esperavam na fila por um novo órgão que salvaria suas vidas.
A Organização de Procura de Órgãos (OPO) do HCFMB, que tem papel fundamental na captação de órgãos, foi responsável por duas captações também nesta semana. Dois órgãos – um rim e um coração – vieram para o HCFMB. Os outros foram captados por outras instituições.
Apesar da queda do número de transplantes nos hospitais SUS durante a pandemia do COVID-19, o HCFMB mantém-se entre um dos maiores centros transplantadores do Estado. Segundo o coordenador do Serviço de Transplante de Órgãos, Dr. Luis Gustavo Modelli, o Programa de Transplantes do HCFMB consolidou o Hospital como referência em casos de alta complexidade. “Além de promover a capacitação dos profissionais, o Programa trouxe ao HC mais recursos, tecnologia de ponta e possibilitou o trabalho em conjunto das equipes envolvidas nos transplantes de coração, rim, fígado, medula óssea autólogo, córneas e coração”, diz.
Dr. André Balbi, Superintendente do HCFMB, enaltece o trabalho realizado pelo Programa. “A consolidação do Programa de Transplantes é motivo de orgulho. Os números desta semana são muito expressivos, resultado do trabalho e dedicação de uma equipe diferenciada, que tem total apoio da atual gestão”, afirma.
Atualmente, o HCFMB é o segundo centro transplantador do Estado em números de transplantes de coração e rins. Já no interior, é considerado o primeiro. Desde o início do ano até o mês de julho, o Programa de Transplante Cardíaco realizou 15 procedimentos, e o Programa de Transplante Renal, 63.
“Para nós, este é um número significativo durante a pandemia, em comparação com outros centros de transplante cardíaco. Todas as cirurgias realizadas com segurança, e tivemos bons resultados”, diz Dr. Marcelo Laneza Felício, coordenador do Programa de Transplante Cardíaco do HCFMB.
“Mesmo em tempos difíceis, o Programa está em constante evolução, e só tende a crescer. Agradeço pelo comprometimento e dedicação de toda equipe, fundamental para a expansão da nossa assistência”, finaliza Modelli.
Transplante hepático foi realizado após projeto de pesquisa que utiliza radioembolização, procedimento inédito no SUS
A realização do transplante de fígado pela equipe de Transplante Hepático nesta semana foi possível graças a um projeto de pesquisa do HCFMB, conduzido pelo Dr. Fernando Gomes Romeiro, que utiliza radiação para o tratamento de tumores hepáticos, chamado de Radioembolização.
O procedimento não é considerado curativo, mas causa uma redução considerável do tamanho do tumor, evitando que ele cause mais danos ao paciente portador desta condição patológica.
Segundo Romeiro, sem este tratamento, o paciente não teria possibilidades de passar pelo transplante. “O paciente era portador de câncer de fígado e desenvolveu uma trombose perto do nódulo, que impedia o transplante. Ele foi incluído no projeto de pesquisa, fizemos a Radioembolização e conseguimos uma redução considerável, o que possibilitou o transplante”, explica.
Por ser um projeto de pesquisa, o tratamento ainda não pode ser oferecido a todos os pacientes portadores de tumores hepáticos. Considerado um tratamento de última geração, a Radioembolização nunca foi realizada no SUS por envolver alto custo e exigir muita capacitação. No Brasil, apenas o Hospital Sírio Libanês utiliza esta técnica inovadora no combate ao câncer hepático. “É importante ressaltar que, apesar de ser uma grande satisfação realizar este tratamento no SUS, ele ainda não está disponível no sistema público, já que conta com o apoio financeiro da FAPESP e CNPq. De qualquer forma, é um avanço e continuaremos trabalhando para oferecer esta alternativa aos pacientes”, afirma Romeiro.