24 de abril de 2024
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Prática de off-road precisa de organização para evitar excessos na Cuesta e estradas rurais

Algumas pessoas buscam uma fuga de sua rotina, durante os finais de semana, através de práticas esportivas ou de aventura, em meio à natureza, onde a adrenalina é o combustível para as atividades automobilísticas. Os objetivos são de superar as dificuldades de acesso e obstáculos impostos pela própria natureza, por exemplo, lama, pedras, erosões, subidas e descidas íngremes, alagamentos, entre outros.

Off-road (fora da estrada) é um conjunto de atividades que utilizam veículos com apelo aventureiro. Os veículos podem ser de duas rodas (motocicletas), quatro rodas (quadricíclos, jeep, buggy, gaiola e caminhonetes) ou mais rodas que trafegam em estradas sem pavimentação (asfalto) e de difícil acesso. Os condutores são denominados off-roaders.

Hoje a prática é utilizada como lazer, terapia ou competições organizadas, no entanto, nasceu de uma necessidade de guerra. Os primeiros veículos foram criados durante a 2ª Guerra Mundial com o objetivo de penetrar e deslocar tropas e soldados em locais de difícil acesso. Em termos de competições, as denominações são: enduros, rallys, raids, no Brasil, o termo mais utilizado é o Rally.

“O pré-julgamento de que todos os off-roaders são causadores de danos ambientais precisa ser desfeito. Não podemos ser radicais e condenar todo o grupo por desvios de condutas de uma parcela, independente da classificação do passivo ambiental”, diz Patrícia Shimabuku que preocupada em organizar a atividade tem se reunido com segmentos interessados o tema.

Segundo ela, para as práticas off-roads alguns aspectos deverão ser avaliados, pois o desenvolvimento da atividade é realizado em meio à natureza, no caso de Botucatu, Pardinho, Bofete e São Manuel, as práticas serpenteiam a Cuesta Basáltica. Prática que acontece explorando os recursos naturais, como córregos, matas, morros entre outros.

Consequentemente, muitos locais podem ser modificados ou degradados com o vazamento de combustíveis, compactação de solos, abertura de sulcos (erosões) nas trilhas, destruição de nascentes, afugentamento de animais, perturbações sonoras e lixos.

Em alguns casos, há invasões de propriedades particulares, atropelamento de animais e destruição de cercas e porteiras. Desta forma, é de suma importância realizar a prática off-road de maneira organizada, identificada, responsável e sustentável, para que os impactos ambientais, vizinhança e de tráfego sejam minimizados ou até mesmo eliminados. Uma caracterização ecológica das trilhas utilizadas por uma comissão técnica multidisciplinar poderá ser uma ferramenta de monitoramento dos impactos.

Os próprios praticantes que não excedem nas trilhas concordam em uma organização. Durante uma conversa, a reportagem do site Agência14News foi convidada a companhar a reunião e registrar o avanço nessa área.

 

PRATICANTES DO BEM

Foi colocado pelos off-roads que por outro lado, a prática permite aos condutores o papel de “Sentinelas” da Cuesta. Durante a realização das trilhas eles observam e auxiliam em inúmeros problemas, como resgate de animais, retirada de árvores tombadas, resgate de moradores ilhados em períodos de chuvas ou até mesmo de atletas, trekkers e caminhantes.  

Além da adrenalina, dos auxílios nas áreas rurais e voluntariado, a prática gera renda e investimento financeiro para o comércio local. Existem inúmeras lojas com artigos e oficinas mecânicas especializadas. Nas áreas rurais, os off-roaders movimentam os inúmeros restaurantes e as “famosas vendinhas” espalhadas na Cuesta.

 

REGULALIZAÇÃO

Foi discutido ainda que o diálogo entre os off-roaders das diversas modalidades, poder público, entidades reguladoras e protetoras do ambiente se faz mais do que necessário. E que isso é de caráter urgente e obrigatório. Um gerenciamento e uma regulamentação das práticas off-roads também precisam ser feitas, bem como, criação de um comitê para discussões e a elaboração de um código de conduta de boas práticas off-roads para a região da Cuesta.

Além disso, uma capacitação sobre as características e fragilidades da Cuesta através de um programa de Educação Sociambiental direcionada para os condutores off-roaders deverá ser obrigadora e periódica. Os condutores deverão apropriar das diferenças entre uma região de banhado e uma região de alagamento, as consequências do processo erosivo, quais as árvores que não poderá ser ponto de ancoragem em caso de atolamento, bem como a não utilização de correntes.

 

USO CONSCIENTE

Os obstáculos naturais que a Cuesta proporciona não deverão ser eliminados, mas conservados para serem ultrapassados por inúmeras gerações de off-roaders.

Para iniciar um projeto de organização da prática, na segunda-feira (20) foi realizada em Botucatu a primeira reunião com os praticantes off-roads. Estavam presentes 14 praticantes de diversas modalidades (moto, quadrículo, jeep, gaiola e buggy) de Botucatu e Pardinho.

“O objetivo desta primeira reunião foi estabelecer uma trégua com os praticantes, além de ouvi-los. Sabemos que em todas as atividades humanas, independente do segmento, encontraremos indivíduos fora das “boas-condutas e até mesmo infringindo as leis, sendo assim, não podemos generalizar e muito menos ignorar as tratativas de conscientização. Leis federais, estaduais, municipais e planos de manejo de áreas de importância ecológica e fragilidade ambientais existem, além dos regramentos jurídicos de propriedade e de tráfego, só precisamos reconhecer nossas responsabilidades e fazer valer as regras”, disse Patrícia Shimabuku.

 

PRIMEIRO PASSO

“Essa reunião foi o primeiro passo para regulamentação da prática off-road pelos praticantes na nossa região. Esses diálogos foram iniciados em 2015, em Botucatu, na Secretaria de Esporte, lazer e turismo com o secretário Professor Pereira. Em 2016, em Pardinho com a Diretoria de Turismo, outros diálogos e ações foram executadas pela Sylviah, como cadastro de praticantes e eventos”, diz Patrícia.

“Saímos com algumas lições de casa, como a (1) elaboração de um documento para solicitação de permissão do uso das propriedades privadas para trilhas, cujos proprietários serão consultados, (2) definição de trilhas cujos trajetos terão uma análise e caracterização ecológica que será base para os diálogos com os conselhos municipais de turismo e meio ambiente, órgãos ambientais e de segurança competentes e as respectivas secretarias/diretorias do Poder Executivo. E por fim, um guia de boas condutas de praticantes off-roads da Cuesta. Nossa próxima reunião ficou para o dia 27 de novembro”, diz a organizadora do debate.

 

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(do Agência14News)

Redação 14 News

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