A reportagem do 14News foi procurada por alunos da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu.
Eles alegam que a prova prática na residência médica foi retirada no começo do ano de maneira unilateral pelo Conselho de Residência e não houve consulta aos professores nem aos alunos.
A Residência Médica é a etapa da especialização médica, que vem depois da faculdade de Medicina. Ou seja, é um programa de pós-graduação destinado a médicos que já se formaram e querem se especializar.
Os alunos citam que quando eles estão nos campos de prática nas enfermarias, ambulatórios e unidades de saúde, quem hoje está realmente ensinando são os residentes. Não há tanto contato com os médicos contratados, e muitas vezes, os professores ficam ausentes dos campos de prática.
Logo, a qualidade dos residentes que entram na FMB, influencia diretamente na qualidade do ensino desses alunos e dos médicos que a UNESP forma.
Colocam ainda: “Como que uma instituição que tem tanto orgulho da sua qualidade pode tomar uma decisão dessa que coloca em risco a qualidade do seu ensino? E tomar essa decisão sem consulta aos próprios alunos?”.
“A prova prática é extremamente importante porque avalia o contato do médico com o paciente e garante que ele saiba procedimentos básicos. Como que a nossa instituição pode receber residentes sem saber se eles cumprem esses parâmetros?”, escreveu uma representante no e-mail enviado à reportagem.
Na avaliação feita nos anos anteriores, a prova funcionava da seguinte forma: as tarefas podiam ser desde uma consulta médica até procedimentos cirúrgicos mais complexos. Os avaliadores acompanhavam o desempenho dos candidatos e registravam suas impressões em um programa de computador por meio de um tablet. Ao final, os candidatos se dirigiam a um laboratório de informática, localizado no Núcleo de Educação à Distância e Tecnologias de Informação em Saúde (NEAD.TIS) da FMB, onde, durante 25 minutos, assinalavam questões objetivas sobre casos clínicos. Em nenhum momento os grupos que já haviam realizado a prova se encontravam com aqueles que ainda não haviam sido avaliados. Veja a reportagem no site da FMB.
O 14News procurou a Faculdade de Medicina da Unesp que respondeu o seguinte:
Para esclarecer uma série de informações que circulam sobre o Processo Seletivo, para o preenchimento das vagas de Residência Médica em Especialidades para 2024, a Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/Unesp) emite a seguinte nota:
O COREME – Conselho de Residência Médica, com apoio da diretoria da Faculdade de Medicina de Botucatu, implementa todos os anos ações para democratizar o acesso à Prova de Residência Médica, concurso público realizado com lisura e seriedade.
As medidas relativas ao processo seletivo de 2024 foram amplamente discutidas, com possibilidade de manifestações e voto, sendo as decisões referendadas pelo conselho, que conta com representação discente. Vale ressaltar que o COREME-FMB é umas das poucas a garantir aos estudantes o direito a voz e voto na tomada de decisões.
Os programas de Residência Médica da FMB são credenciados e periodicamente avaliados pelas instâncias competentes e pela Comissão Nacional de Residência Médica e os critérios para seleção de candidatos obedecem normativas semelhantes as adotadas pelas principais escolas médicas do país. (Fim da nota).
Uma manifestação dos alunos está marcada para essa sexta-feira (16/6) buscando mudanças.