A Unesp, por meio do diretor da Agência de Inovação (AUIN), professor Wagner Valenti, atualizou protocolos de intenção com o Instituto Vital Brasil, por meio do presidente da entidade Roberto Pozzan. Também participaram da reunião, realizada na reitoria da Universidade, em São Paulo, a assessora da Pró-Reitoria de Pesquisa (Prope), professora Célia Nogueira, do professor de Infectologia da Faculdade de Medicina, Benedito Barraviera, e do pesquisador do Centro de Estudos de Animais Peçonhentos (CEVAP), Rui Seabra Júnior, ambos do campus de Botucatu; além do assessor jurídico do Instituto, João Carlos d’Araújo e Silva.
“Esses últimos 15 anos foram bastante produtivos na relação entre o Instituto Vital Brasil e a Unesp, principalmente, em relação ao CEVAP. Uma das grandes pesquisas que podemos destacar é a produção do soro antiapílico, que fez com que saísse da bancada até o ser humano um soro capaz de neutralizar o veneno da picada da abelha africana”, afirmou Roberto Pozzan, presidente do Instituto Vital Brasil.
“Como universidade que somos, nós desconhecemos o outro lado que é o processo fabril. Isso, nós aprendemos muito. O que fazer, o que não fazer. Como se relacionar com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Como submeter projetos de grande porte para conseguir financiamento público, então, foi extremamente produtivo esse braço operacional do Vital Brasil que nos ensinou esse outro lado da academia, que é o lado de produção”,expressou Benedito Barraviera, professor titular de Infectologia da Faculdade de Medicina da Unesp, campus Botucatu.
“Em 2009, eu conheci o Luiz Eduardo, médico veterinário e hoje vice-presidente do Instituto Vital Brasil que enxergou uma grande possibilidade de desenvolvimento de um novo soro, e o resultado é esse. Um produto que não existe no mundo, sem similar, que certamente vai ajudar a salvar vidas, pois, não tem um tratamento específico para os acidentes. Hoje são cerca de 17 mil acidentes por ano no país”, disse Rui Seabra Júnior, pesquisador do CEVAP.
“O CEVAP entrou com uma parte muito importante nessa pesquisa que foi a identificação da molécula que causava a dor do veneno da abelha, retirando-se essa molécula do veneno foi capaz de introduzir no animal, cavalo no caso, a parte do veneno que era necessária para se produzir o anticorpo contra a picada de abelha e, assim, se chegar a uma produção sem dor para o animal e com benefício para população de um produto que hoje é o único soro que tem aprovação total pela Anvisa em fase um e fase dois. Esses estudos foram pré-clínicos e já clínicos, numa tentativa de se provar a capacidade de neutralizar o veneno da abelha sem causar mais dano para o ser humano”,comentou Roberto Pozzan.
“Então, nós agora estamos nos preparando para a fase 3, chamada de ensaio clínico. Essa fase três, o Vital Brasil vai ter que produzir um lote de soro antiapílico específico para essa fase. Isso tem que ser aprovado pelo Comitê de Ética e pela Anvisa. O Protocolo já está pronto, mas tem que ser novamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Após isso, vamos testar em pacientes”, explicou Benedito Barraviera.
“Fomos procurar novamente o Ministério da Saúde, na Secretaria de Ciência e Tecnologia, para que pudéssemos ter um financiamento para a realização de um estudo fase três. A partir do momento em que você sabe que ele é seguro em humanos, testar em várias pessoas, em vários locais do Brasil”, contou Roberto Pozzan.
“A produção de um medicamento varia de 15 a 30 anos. Por isso que um medicamento produzido pela indústria farmacêutica custa tão caro. Investimento é de bilhões de dólares, e demora exatamente isso, de 15 a 30 anos para você conseguir colocar na prateleira para o consumidor. Esse soro antiapílico foi muito mais rápido porque o Vital Brasil já tinha expertise no caso da produção de outros soros, então, foi mais fácil”, ponderou Benedito Barraviera.
“O Instituto Vital Brasil quer ser e será o braço produtor dessa tecnologia, transformando a pesquisa de bancada em produtos para serem utilizados em humanos”, avisou Roberto Pozzan.
“Nós da ciência básica, muitas vezes, nos colocamos numa zona de conforto. Temos medo de nos ariscarmos e pularmos o ‘gap’ existente entre a pesquisa básica e a aplicada. No Cevap, nós fizemos isso anos atrás. Agora que já sabemos o caminho, a ponte está construída, nós queremos chamar mais pessoas para atravessá-la conosco”, declarou Rui Seabra Júnior.
“Nós estamos reforçando uma parceria de mais de 15 anos. Nós estamos atualizando os nossos protocolos de intenção, estamos assinando mais outros protocolos relacionados à pesquisa de áreas marinhas, que a Unesp vem fazendo há bastante tempo, de identificação de produtos que possam se tornar úteis para a população”, anunciou Roberto Pozzan.
“Nós estamos fortalecendo uma relação que já existe com o Instituto Vital Brasil, no sentido que, nós possamos produzir dois medicamentos que foram desenvolvidos na Unesp para disponibilizar para o SUS e outros órgãos públicos de saúde. A Agência Unesp de Inovação está sempre buscando devolver para a sociedade o investimento que ela faz em ciência e tecnologia por meio de produtos, processos que seriam transferidos para uso geral”, exprimiu Wagner Valenti.
(com assessoria)