Um grupo de mulheres fez um protesto na Câmara Municipal de Botucatu (SP) na noite desta segunda-feira (26) durante a sessão ordinária em apoio à vereadora Rose Ielo (PDT).
Elas fizeram menção a uma discussão entre a vereadora com o vereador Paulo Renato (PSC), onde ele defendia a manutenção do projeto de lei que cria o canal comunitário de Botucatu, uma entidade social que receberia título de utilidade, e assim conseguiria apoio financeiro do poder público.
A polêmica aconteceu depois que a vereadora foi contra o projeto, dizendo que foi à sede da igreja onde o mesmo ocorre e não encontrou atividade. Também questionou que o projeto social não tem ainda um ano de existência para conseguir, pela lei, tal benefício (obter utilidade pública).
Após o fato ocorrido na Câmara o grupo que tinha aproximadamente 10 mulheres levantou cartazes como “machistas não passarão”.
MULHER NA TRIBUNA
Uma representante do movimento foi à tribuna falar. “Nós estamos nos manifestando em favor das mulheres e em especial à vereadora Rose que foi inúmeras vezes humilhada e desrespeitada durante as sessões da Câmara. Nós entendemos que isso ofende a todas nós porque somos todas uma. É preciso haver respeito. Em momento algum a Rose foi desrespeitosa com qualquer um dos vereadores e os vereadores foram desrespeitosos quando citaram coisas nada a ver com o que foi debatido. Desrespeitaram a posição dela e nós do Coletivo Feminista, estamos contra e queremos o respeito às mulheres porque elas nos representam e a cada vez que isso ocorrer nós estaremos aqui de novo”, disse uma das manifestantes.
Na sessão, o vereador Paulo Renato disse que não desrespeitou a vereadora e só falou a verdade. Ele na oportunidade citou que a vereadora “não faz”, “não gosta de agarrar” e também “não deixa que os demais vereadores trabalhem quando ela tenta bloquear um projeto de utilidade pública”.
Ainda na sessão da Câmara Municipal dessa segunda-feira, foi lida uma carta do Conselho Municipal das Mulheres em repúdio à discussão onde cita-se que houve agressão verbal à vereadora.
A parlamentar pediu a suspensão da sessão da Câmara onde os vereadores aprovaram que uma representante do grupo em protesto fosse falar em nome do conselho das mulheres.
Beatriz Stamato, secretária do Conselho das Mulheres foi à tribuna e falou em nome do respeito às mulheres alegando que tentou-se bloquear a leitura do ato de repúdio contra o tratamento à vereadora. Ela diz que a vereadora não participou da organização do ato e pediu investigação na comissão de ética.
PARA VEREADOR, DEBATES SÃO NORMAIS
Paulo Renato falou ao site Agência14News. “Aqui é um lugar que a gente vai discutir e ter posições. A gente tem divergências políticas com a oposição. Eu não me furto de discutir nenhum projeto seja meu, que venha do executivo, projeto de outros vereadores, eu não tenho problema nenhum. O que a vereadora faz – que é do partido que eles sempre fizeram, que e normal – é de vitimizar e dividir classes, e falar que um está contra o outro porque é preconceituoso ou machista, o que não tem nenhum sentido. Eu posso também fazer um manifesto porque eu me senti ofendido porque eu sou filho de negro, mas isso não tem sentido. Se qualquer vereador se sentir constrangido com a discussão de projetos aí nós vamos ter problemas. Eu falar do vale-creche é ter respeito pelas mulheres, porque elas precisam trabalhar. A população não quer saber de discussãozinha de vereador e sim de trabalho. A população não quer divisão. Se eu não puder discutir projeto porque tem divergência…eu não vou dividir classe, mas trabalhar pela população. Ela disse que vai à comissão de ética e eu vou fazer da mesma forma porque ela me ofendeu, mas a população está mais preocupada com o trabalho que a gente tem feito. Isso é o que interessa. Eles (do partido) sempre foram de ataque e eu nunca respondi. Meu trabalho sempre foi em defesa das mulheres. A vereadora articulou que parecesse que a Câmara não respeita as mulheres. Aqui todos os vereadores se respeitam. Fazemos projetos juntos. Independente de homem ou mulher todos são tratados da mesma forma, com todo respeito, mas a gente tem divergência sempre e a gente não vai se furtar, porque nós temos que ver é o que é importante para a população. Quero deixar meu respeito às mulheres que conhecem o meu trabalho e que essa situação não seja escrita da forma que a vereadora quer que seja escrita: de forma pejorativa. Deixo todo meu respeito às mulheres que são trabalhadoras e respeitam os seus filhos, acordam para trabalhar, levam para a escola e têm dupla jornada de trabalho. Respeito para que essas mulheres possam ter essa condição melhor. Respeito todas as classes. Assim como respeito as mulheres, respeito os negros, os homossexuais; não divido classe. Estou aqui para trabalhar por uma sociedade mais justa e igual. Não estou aqui para me vitimizar. Estou aqui para trabalhar pela minha população”, finalizou Paulo Renato.
PRESIDENTE DA CÂMARA
O vereador Izaías Colino, presidente do Legislativo falou sobre os protestos. “A Câmara Municipal é local dos protestos. Não existe nenhum espaço mais democrático do que a Câmara Municipal para os protestos. Quando as pessoas vêm para protestar pacificamente, ordeiramente, acho que a gente só tem que reconhecer a importância desse instrumento democrático. Todo protesto é bem-vindo dentro da Câmara Municipal. Nós estamos aqui, somos funcionários do povo e estamos aqui para ouvir todas as reivindicações da população”.
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(do Agência14News)