No dia 4 de agosto de 2017, a líder comunitária em Botucatu, Irene Cardoso, hoje com 74 anos, apesar de ser uma pessoa muito ativa, de repente se viu passando mal ao acordar e acabou no pronto socorro e poucas horas depois estava na UTI.
Ela tinha um quadro desconhecido e depois descobriu uma doença autoimune – uma condição que ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo.
Nenhum medicamento funcionava e o corpo não reagia. Até foi necessário usar alguns tipos que precisaram ser autorizados pela família, até que um deles deu resultado.
Seus rins foram os que mais ficaram afetados com esse lapso do corpo e hoje ela faz hemodiálise. Mesmo assim, está bastante ativa, com vontade de viver e participar ainda mais de atividades do seu bairro, no Parque 24 de Maio, e em conselhos como da saúde e educação.
“Naquela noite dormi bem e acordei mal, já indo para UTI. Acordei e já me carregaram para o carro e UTI. Paralisou tudo: rim, o coração estava fraco e até o pulmão teve hemorragia. Foi uma coisa inédita. Minha imunidade brigava com as bactérias. Foi uma coisa muito difícil até para a minha família. Fiquei inconsciente. No quarto dia foi tão grave que chegaram a chamar a minha família na Bélgica (onde mora uma irmã) e no Uruguai (uma sobrinha). Chamaram todos para o enterro porque não tinham mais esperanças. A notícia que minhas filhas deram é que eu não amanheceria mais com vida. Eles chegaram a ficar 4 dias na cidade. Como minha situação não ia e nem vinha em reagir ou piorar acabaram indo embora. Usaram um remédio que está em testes nos Estados Unidos e Canadá até que chegou em um que a família assinou a autorização porque ou dava certo ou encomendava a morte; e deu certo. Foi muita oração. Todos iam na minha porta, de todas as religiões pela amizade que a gente tem. Agradeço e acredito porque todos oraram. Até os médicos na Unesp me chamam de milagre. Quando fui para o quarto o padre Chico (da Cohab 1) tinha ido, mas era para dar a extrema unção para mim. Depois ele deu o testemunho na igreja. Por onde eu ando todos que acreditam em Deus comentam que rezaram. Eu ganhei nova chance. Agora digo: usa-me, em coisas que eu gosto de fazer, ajudando a comunidade”, comentou.
A internação de Irene foi de agosto e dezembro e recebeu uma festa aí chegar em casa, ainda na cadeira de rodas. Na recuperação foi para um andador e hoje caminha pela cidade mesmo que a família se preocupe ainda mais com esses deslocamentos.
Apesar da idade, ela foi chamada para uma possibilidade de transplante. “Na Unesp é muita eficiência. Gostaria de agradecer os médicos, a enfermagem e funcionários. Faço hemodiálise de terça, quinta e sábado e vou com ambulância da prefeitura que leva outros pacientes do bairro”.
Irene falou sobre a família e o momento atual. “Minha irmã colocou enfermeira e doméstica em casa. Dar banho em mim? Não preciso mais porque não preciso. Quero viver. Mas sou agradecida pela família que me deu de tudo e teve muita união. Perdi o medo de morrer”.
Na Unesp ela diz que tem acompanhamento com psicóloga e nutricionista por conta da hemodiálise.