O médico infectologista da Unesp que compõe o grupo estadual de enfrentamento ao coronavírus, Carlos Magno Fortaleza, disse na manhã desta quinta-feira (26) que projetando o que aconteceu em outros países e o alcance do vírus Covid-19, Botucatu poderia ter perto de 3 mil mortes, caso não fossem tomadas as providências de isolamento.
Em entrevista a Rádio Municipalista, Carlos Magno explicou que o vírus atinge cerca de 75% da população e a maioria em situação leve. Mas, em uma situação de propagação, e a população circulando, talvez no pior cenário poderia se ter 2% da população atingida, e Botucatu poderia ter perto de 3 mil mortes. “Levando em consideração que a cidade tem 146 mil habitantes – segundo o IBGE – seriam 2.920 mortes”, analisou.
A recomendação continua sendo o isolamento social, mesmo que algumas autoridades e empresários defendam a reativação dos comércios devido à economia. Segundo os médicos, voltar a ter grande circulação de pessoas seria muito perigoso.
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“Se a gente resolver abrir isso tudo na segunda semana de abril é como a gente não tivesse feito nada, simples assim. O impacto da doença é o seguinte: a própria ministra alemã disse que a doença atinge 75% da população. Vamos colocar 150 mil habitantes em Botucatu. Isso significa 107 mil habitantes. De 107 mil habitantes, 2% vão morrer e o que isso significa, algo um pouco abaixo de 3 mil mortes em Botucatu. Então o preço social da gente estar de braços cruzados agora, ele é de mortes imediatas”, disse o infectologista durante entrevista na Rádio Municipalista.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, desde o início do surto foram registradas 18.440 mortes no mundo. Até a manhã desta quinta-feira o Brasil registrou 2.550 infectados e 60 mortes, sendo 48 em São Paulo, oito no Rio de Janeiro, e um caso no Amazonas, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
EQUIPE DE BOTUCATU INTEGRA CENTRO DE CONTINGÊNCIA
O Centro de Contingência do COVID-19, criado pelo Governo do Estado de São Paulo, realizou sua primeira reunião na manhã de ontem, 3, segundo reportagem publicada no começo do mês pelo HC de Botucatu: O Centro tem o objetivo de monitorar e coordenar ações contra a propagação do novo coronavírus, e conta com especialistas das redes pública e privada, com ênfase na área de Infectologia, sob a supervisão do Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann, e coordenação do médico infectologista David Uip.
A lista de especialistas inclui o Infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) e Docente da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), Dr. Carlos Magno Fortaleza, que participou da reunião. Compõem também o Centro de Contingência do COVID-19 o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, e os professores Marcos Boulos (HCFMUSP), Esper Kallas (HCFMUSP), Luiz Fernando Aranha (Unifesp), Benedito Fonseca (HC de Ribeirão), Beatriz Tess (FMUSP), Rodrigo Angerami (HC da Unicamp) e Luiz Carlos Pereira Júnior (Instituto de Infectologia Emílio Ribas).
A iniciativa visa estabelecer protocolos para diagnóstico, assistência e para o desenvolvimento de medicamentos e de uma possível vacina eficaz contra a doença. Durante a primeira reunião formal do grupo, foi definida uma rede de pesquisas para prevenção e tratamento do novo COVID-19.
“Somos muito bem preparados e temos total condição para colaborar com o Governo do Estado nas ações de combate ao coronavírus”, diz Dr. Carlos Magno Fortaleza. “As reuniões serão realizadas uma vez por semana e estaremos sempre atualizados com o cenário real da doença no Estado, trabalhando para impedir seu avanço e divulgando informações concretas”, afirma.
Foram definidas três frentes de ação. A primeira é focada em pesquisas, desenvolvidas com olhares direcionados para os cenários do Estado de SP, Brasil e mundo.
A rede reunirá instituições de pesquisa e ensino renomadas como a FMB, o HCFMB,o Hospital das Clínicas da FMUSP e das grandes universidades públicas de São Paulo – USP, Unicamp, e USP Ribeirão Preto, além dos institutos Butantan, Adolfo Lutz, Emílio Ribas e de Medicina Tropical.
O segundo grupo é voltado às ações de Comunicação, e programará workshops, cursos e palestras para atualizar os jornalistas e demais profissionais da área que estão cobrindo o tema.
A terceira frente aborda os protocolos assistenciais, sugerindo fluxos e possibilidades de otimização do atendimento na rede de saúde, contribuindo para os protocolos operacionais estabelecidos pela Secretaria de Estado da Saúde.
O Superintendente do HCFMB, Dr. André Balbi, falou sobre o papel do Hospital junto a Secretaria de Saúde e ao Governo do Estado. “O HCFMB e a FMB são instituições de extrema importância no interior do Estado e participar deste Centro de Contingência reforça o trabalho sério da nossa gestão em aprimorar continuamente a nossa assistência”, disse.
HCFMB é reconhecido como hospital referência para o tratamento de casos graves de COVID-19
O novo centro definiu ainda a relação de hospitais de referência para o tratamento de casos graves, e o HCFMB é um deles. Os outros centos são os HCs de Ribeirão Preto (USP) e Campinas (Unicamp), Hospital de Base de São José do Rio Preto, Hospital das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP) e Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital.
O Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) e a Comissão de Controle de Infecção Relacionada à Assistência (CCIRAS) do HCFMB divulgaram orientações e têm realizado treinamentos do plano de ação, implantado pela Secretaria da Saúde do Estado (SES), para atendimento de casos suspeitos por infecção pelo novo coronavírus. O protocolo orienta os servidores no diagnóstico, tratamento e isolamento dos casos.
É importante destacar que os casos graves serão tratados no HCFMB, em área de isolamento e com fluxo previamente discutido e organizado com a equipe multiprofissional. Os casos menos graves ou suspeitos serão triados nas Unidades Básicas de Saúde do município.
Quando procurar atendimento?
– Caso apresente febre e sintomas respiratórios e esteve em um dos seguintes países: China, Alemanha, Austrália, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália, Japão, Tailândia, Vietnã e Singapura nos últimos 14 dias;
– Caso apresente febre e sintomas respiratórios e teve contato com algum caso suspeito ou confirmado com alguém que esteve nos países citados acima nos últimos 14 dias.