O cenário é um lugar onde uma criança coloca a imaginação no lugar do medo. Onde pra ela, os sonhos podem ser reais, sim – afinal, o importante mesmo é sonhar. Um local onde ao entrar, ela não é só um pequeno paciente – mas sim, o amor da vida de alguém.
Talvez você não tenha pensado que este local é um Hospital, muito menos um Centro Cirúrgico. E nem que pessoas que trabalham ali possam fazer uma criança se sentir desta forma antes de passar por uma cirurgia. Mas no Hospital Estadual Botucatu (HEBo), nada é impossível para uma equipe de profissionais que tem como a base do seu trabalho não só a humanização, mas o amor como um todo.
Todo processo de doença na criança gera ansiedade e apreensão nos pais, ainda mais quando há indicação de tratamento cirúrgico. Esta ansiedade é passada aos filhos, que chegam ao hospital amedrontados, tornando a entrada no centro cirúrgico muito traumática para a criança, pais, e para a equipe da saúde em geral.
Mas isso mudou há alguns meses no Hospital Estadual Botucatu (HEBo). Dra. Silke Weber, Diretora do HEBo, com apoio de uma equipe multiprofissional, idealizou o projeto “Minha Aventura no Hospital”, uma ação de humanização da cirurgia pediátrica, que reduz o medo e ansiedade não só das crianças, mas também de seus familiares antes da realização das cirurgias dos pequenos. “Sabemos que toda cirurgia gera preocupações e incertezas, principalmente a de uma criança. Assim, resolvemos fazer com que a cirurgia, na mente da criança, se transforme em uma grande viagem”, explica.
E a viagem começa logo na preparação da criança. Antes de chegar ao Centro Cirúrgico, o zelo da equipe tira qualquer medo ou dúvida do pequeno ou pequena paciente. São duas opções: uma viagem ao espaço, onde astronautas estarão prontos para oferecer todo cuidado que ele precisa, ou à floresta encantada, onde as fadas serão responsáveis por todo o seu tratamento.
E era uma vez um Centro Cirúrgico. Transformado em Planetário ou em Floresta Encantada, os pequenos interagem com o anestesista astronauta ou com as fadas da floresta, e podem sonhar e dar asas a sua imaginação na própria maca, enquanto passam pela cirurgia.
A ideia do projeto é melhorar o atendimento à criança, facilitar sua entrada no Centro Cirúrgico reduzir os mais diversos sentimentos, como medo, angústia, insegurança; entre tantos outros, aparentemente comuns em crianças que precisam de um tratamento ou de uma cirurgia, por mais simples que ela seja.
Segundo Silke, o projeto foi iniciado no mês de junho, mas devido à pandemia da COVID-19, teve sua rotina reduzida. “Há uma boa interação entre os anestesistas, a equipe cirúrgica e a equipe de enfermagem, e todos participam ativamente na criação da fantasia. A maioria das crianças já entra na sala conversando com a fada, falando palavras mágicas para a porta da floresta se abrir, segurando a máscara para poder voar, ou então procurando o seu planeta destino na sala entre a decoração. As mães ou acompanhantes neste cenário de brincadeira transmitem menor angústia e estresse para a criança, criando um ambiente mais tranquilo”, diz.
O projeto recebeu apoio da BilaBiloca, Criando Encantos, Voluntariando por aí, Café na Mesa Nova e Academia de Natação “Raia 4”.
A implantação das práticas de humanização têm sido frequente na gestão atual do HCFMB. “Projetos e iniciativas espontâneas, dedicação e apoio voluntário são fundamentais para o crescimento da assistência do Complexo HCFMB, e tem todo o apoio da Superintendência. O sentimento é um só: orgulho por ter pessoas tão comprometidas ao nosso lado”, disse o Superintendente do HCFMB, Dr. André Balbi.
No final, astronautas e fadas, de capacete ou bastão mágico, aguardam do lado de fora os pequenos pacientes que talvez ainda não saibam, mas viveram uma grande aventura em sua vida.
Equipe do projeto “Minha Aventura no Hospital”
Rafaela Prata
Gabriel Ferreira
Marla Avila
Andrezza B. Castro
Silke Weber