Inaugurado neste domingo (30), o Bar da Estação remete aos bons tempos dos trilhos de trem. Ao chegar à charmosa estação ferroviária de Botucatu, os visitantes se deparam com cada detalhe revitalizado, como era antigamente.
Quem vai ao local pode também curtir um chopp e boa comida. Os garçons se apresentam vestidos com roupa do tempo áureo do trem. O bar recebeu o nome de 777 em alusão a altitude da estação.
Tudo foi pensado para lembrar o bom momento dos trilhos com uma boa conversa e música. “A ideia foi de oferecer uma ótima comida e bebida, pois Botucatu estava carente disso: um bar para a família, com qualidade, com música boa”, destaca Fabiano Bonna, um dos responsáveis pelo bar e representante da marca de chope Ashby.
Antonio Simão, também é um dos empreendedores que apostou no bar da estação, buscando oferecer o que é de melhor ao lado dos trilhos da sorocabana. Filho de ferroviário que se aposentou como maquinista, ele diz que foi criado em frente à estação em 1962, quando frequentava o bar com a família, e nunca aceitou o fato desse local histórico parar de funcionar.
“Meu sonho era revitalizar esse espaço. Como trabalhei na Embraer e viajava bastante, percebia que Botucatu nunca teve um bar desse tipo, onde se poderia comer e beber muito bem com um preço bom. Meu sonho era esse, e depois de mais velho consegui realizá-lo. Espero que os mais jovens, como o Bonna e minhas filhas mantenham esse lugar com uma tradição resgatando os bons tempos”, destaca.
Fabiano Bonna diz que nunca imaginou tamanha expectativa pela abertura do bar. “Existe uma questão nostálgica. No carnaval tinha gente chorando quando via o trem passar. Perguntavam na rua quando o bar seria aberto. Na minha história de vida nunca imaginei o que representava a estação ferroviária para Botucatu”. A intenção foi trazer um bar com ambiente harmonioso, familiar, com excelente cardápio, bebida da melhor qualidade e com atendimento de primeira linha. O local funcionará todos os dias na parte da tarde e noite”.
De terça a sexta o funcionamento é das 16h às 24h; aos sábados das 12h às 24h e aos domingos das 12h às 20h. O local serve porções, bebidas, cerveja, sucos, refrigerantes e salgados, além de um cardápio próprio da casa.
HISTÓRIA
A antiga estação tem muita história. Foi inaugurada em outubro de 1934 e acabou desativada em 1999. Hoje, após a revitalização recebeu o nome de “Engº Nelson Dib Saad”, ex-superintendente regional da Estrada de Ferro Sorocabana e Gerente Regional da Fepasa em Botucatu.
Fazendo uma analogia, de quando a estação foi inaugurada, na década de 30, ela representou para a Cidade um grande fator de desenvolvimento econômico e financeiro. Naquele momento Botucatu se tornou, por conta da ferrovia, uma grande liderança regional como a cidade é hoje.
RECUPERAÇÃO DO LOCAL
A restauração da estação ferroviária de Botucatu aconteceu em duas etapas. A Prefeitura de Botucatu contratou para execução das obras a empresa Estúdio Sarasá, especializada em restauração, que tem em seu portifólio trabalhos importantes como o projeto de restauro do Teatro Municipal de São Paulo e o restauro do solar da Marquesa também na capital paulista.
“A estação estava bem degradada. A cobertura totalmente deteriorada. As argamassas com soltura, problema de exposição dos próprios tijolos. Resgatamos inicialmente a sanidade do edifício e depois o próprio uso. Se nada fosse feito, em pouco tempo o prédio poderia entrar em situação de ruína”, relembra o conservador e restaurador Antonio Luís Ramos Sarasá Martin.
Na primeira etapa de restauro, iniciada em 2012, as ações contemplaram a limpeza e higienização das instalações, recuperação completa do telhado, da fachada principal, limpeza do saguão e instalação de alambrado ao longo da plataforma de embarque e desembarque de passageiros. Algumas peças em madeira foram higienizadas e submetidas ao tratamento contra cupins.
Na segunda etapa, iniciada em 2015, toda a parte da cúpula foi restaurada além das paredes do saguão principal, que realçam os desenhos originais do século XIX, quando a Estação foi construída. Também foi feita a reparação do madeiramento que recebeu tratamento especial, que incluiu parte da estrutura do mezanino, portas e escadarias, e o piso superior que recebeu sinteco.
Todas as salas foram recuperadas, incluindo o antigo bar da estação. “A reforma do Mercadão, a Casa da Juventude, a Praça Rubião Júnior e agora a Estação Ferroviária, que é mais uma demonstração clara da preocupação que a Prefeitura de Botucatu tem com a memória do nosso patrimônio histórico”, afirma o secretário municipal de Cultural Osni Ribeiro.
O projeto, assinado pelo arquiteto Guilherme Michelin, foi viabilizado graças ao patrocínio da Duratex e Caio Induscar, com o incentivo fiscal do ProAC/ICMS, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. A iniciativa recebeu a aprovação do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), por se tratar de um edifício tombado. Ao longo do processo de restauro, também foi promovido um trabalho de educação patrimonial, executado pela empresa Producom, e que inclui a exposição de fotos e documentos relativos à história da estação e da ferrovia, e que evidenciam sua importância cultural, econômica, social e política para os cidadãos de Botucatu.
A Prefeitura de Botucatu ainda realizou obras da nova sede do Fundo Social de Solidariedade do Município, que funciona no antigo galpão das oficinas de locomotivas do complexo ferroviário. A área em frente deste mesmo local também será totalmente reurbanizada e destinada ao lazer da população. O investimento do Poder Público na recuperação de mais este espaço do patrimônio ferroviário é superior a R$ 2 milhões.
Sobre a Estação Ferroviária
O Complexo da Estação Ferroviária de Botucatu representa o avanço da Estrada de Ferro Sorocabana pelo interior paulista, demarcando a “conquista do sertão”, situado a oeste das cuestas. Ele é constituído pela Estação Ferroviária; Largo da Estação; Armazém de Cargas; Vilas Ferroviárias e Casas de Turma, de variadas tipologias e técnicas construtivas; Caixa D’água; Edifício da Administração (ou da Chefia); Mercearia; Oficinas de Locomotivas; Escola de Artífices; Reservatórios D’água; Triângulo de Manobras; Pontilhão Ferroviário Arlindo Granado; e os muros de arrimo e taludes circundantes.
Foi ao redor da estação que um dos bairros mais tradicionais de Botucatu se formou: a Vila dos Lavradores, reduto das famílias dos ferroviários. Além dos serviços de transporte de carga, o local recebia centenas de passageiros que utilizavam o trem como principal meio de transporte. A chegada da ferrovia deflagrou novo momento econômico para a região, fomentando a produção agrícola, sobretudo o café, bem como a ocupação de terras e a criação de novos núcleos urbanos. O complexo se tornou ponto de confluência do tráfego da linha-tronco da EFS e de seus inúmeros ramais a oeste, impactando no desenvolvimento de Botucatu como polo urbano regional. Serviço: Estação Ferroviária de Botucatu Rua Benjamin Constant, 161 – Vila Jahu Informações: (14) 3361-300.
(Do Agência14News com assessoria PMB)