18 de abril de 2024
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Amanda Campolim aceita desafio para ajudar alunos deficientes na inclusão ao esporte

Aos 27 anos, Amanda Campolim, profissional de Educação Física decidiu encarar um novo desafio: ajudar na inclusão de deficientes físicos no esporte em Botucatu. E há 3 meses vem se preparando e conseguindo alguns avanços nesse processo, orientando e estimulando dois alunos na natação.

Amanda tem participado de um curso técnico gratuito oferecido pelo Comitê Olímpico Brasileiro, através da Academia Paralímpica Brasileira, voltado para a natação. O Nível I aconteceu em março em Brasília. Os próximos dois níveis acontecem em São Paulo, ainda nesse ano

Tudo começou quando uma aluna, Alexia Zarbinati, que já treinava na academia com a Amanda, queria avançar no seu treinamento e tinha o sonho de correr o percurso Cuesta. Juntas, professora e aluna foram ao médico, que revelou que esse sonho não era viável, devido a sua saúde, às cirurgias que já tinha feito por conta da displasia do fêmur.

“Quando tivemos essa notícia do médico, a minha primeira reação foi de inventar um novo sonho para ela. Então fui inventando atividades diferentes do que ela já fazia no dia a dia, até que pensei na natação, por ser sem impacto, recomendado para quem tem lesão, por melhorar a saúde em relação ao impacto mesmo. E também já tinha ouvido falar que os deficientes se sentem livres na água, porque eles são dependentes. E na água isso muda, ele percebem que não precisam de mais ninguém e se soltam, se sentindo muito bem com ele mesmo”

Depois da primeira visita a uma piscina, ela amou e se sentiu super bem. Logo em seguida, um outro aluno apareceu: Guilherme Davatz Augusto, paraplégico conhecido em Botucatu por participar de diversas modalidades esportivas além de representar a cidade nos Jogos Regionais, e os dois começaram a incentivar um ao outro na natação, na socialização e adaptação com o esporte.

“Como eu nunca tive contato com a natação, depois de 2 meses desse contato dos dois alunos, a Alexia me mandou um link do Comitê Paralímpico Brasileiro que tinha aberto Curso Técnico de professor de natação para deficiente. E como eu me vi muito envolvida naquilo, eu decidi participar e ver o que podia acontecer, para aperfeiçoar o meu treinamento e eles poderem continuar no esporte, tendo todo o suporte necessária para a sua preparação física”.

A academia onde trabalha atualmente lhe deu total apoio para participar do curso de Habilitação Técnica e enquanto estava fazendo o Nível I em Brasília cuidou dos seus alunos. Para conseguir passar de nível Amanda precisa fazer estágio em Botucatu de auxiliar técnico de natação. “Para isso fui procurar um clube da cidade, que me abriu as portas para me ajudar com esse estágio para eu poder ir para o Nível II, então, em cima desse estágio estou trabalhando com esses dois atletas na piscina”.

Toda sexta-feira, Amanda fica de estagiária de um professor do clube, que já tem experiência na natação para deficientes e a cada 15 dias, sempre aos sábados, vai sozinha para a piscina com seus dois alunos. “Eu sempre faço vídeos dos meus treinamentos sozinha com os alunos e levo para o professor acompanhar o meu trabalho e me orientar no que precisar, o que tanto eu quanto eles podemos melhorar. Apesar de ser um estágio para mim, ao mesmo tempo eu vejo muita melhora nos meus alunos em relação às atividades físicas e ao social e ao que eles querem para eles”.

Em Botucatu não existe um técnico específico nem horários separados para deficientes praticarem atividades na piscina, seja em clubes ou academias, por isso Amanda se coloca a disposição caso mais alguém tenha interesse em fazer parte das suas aulas. “Eu não estou ganhando nada por essas aulas, estou fazendo isso para tentar criar uma cultura voltada aos deficientes, mostrar que é possível essa inclusão deles no esporte. Tanto que depois que comecei a divulgar esse meu trabalho, percebi que outros professores de educação física ficaram interessados nesse curso”.

TODO CUIDADO É POUCO
“O treinamento para o atleta deficiente é totalmente diferente, é personalizado e feito voltado diretamente para as suas necessidades. E com a natação não é diferente, pois além disso, cada deficiência é diferente uma da outra, seja um deficiente visual, mental ou físico. O treino para cada um é sempre diferente, por isso é muito importante conhecer a necessidade de cada um, para trabalhar a melhor forma e permitir que eles estejam sempre melhorando na natação”

O CURSO
“O curso é bancado pelo governo, não precisei pagar por esse curso (apenas passagem, alimentação e hospedagem são por conta do aluno). É um curso de Habilitação Técnico dividido entre natação, halterofilismo e atletismo. Eu escolhi natação porque já estava nesse meio. Esse primeiro eu fiz em Brasília. Vai ter o Nível II de 12 a 15 de julho em São Paulo e o Nível III também será na capital paulista, mas em setembro. Esse Nível I é de classificação regional, voltado para o treinamento de iniciação e de auto rendimento, de clubes. O próximo de classificação nacional, vai ser mais específico e mais próximo desses atletas que estão indo para as Paralimpíadas, um nível mais elevado. E o último de classificação internacional já são os de ponta, onde eles passam um treinamento em relação a atletas de campeonatos mundiais”.

O LADO PESSOAL
“Gostei muito de ver a evolução dos meus alunos em relação a atividade física. Quando eu estou treinando eles, estou os preparando lá para fora. Quando come;o um trabalho com um deficiente, já chego com a sensação de que ele é muito dependente, então eu quero prepará-lo para que ele seja cada vez mais independente e isso me motivou muito depois que eu percebi a evolução do Guilherme na piscina. E essa evolução não vejo apenas na atividade física, mas na vida dessas pessoas. E isso é uma satisfação enorme, fico muito feliz e vibro com cada passo que eles dão na melhora deles. Não me dá retorno financeiro hoje, mas eu vejo que o esporte é algo que me motiva muito a seguir em frente, então eu faria um trabalho voluntário sim em relação a isso”.

O FUTURO
“Eu quero que mais deficientes tenham essa oportunidade que eles estão tendo, de poder entrar para o esporte. De que o pai e a mãe tirem aquele medo de seu filho ser deficiente e achar que ele não vai conseguir. Eu acho que é mais o pai e a mãe que precisam do filho do que o filho que precisa deles. Porque se você soltar um pouquinho, tirar ele da bolha, ele vai evoluir, vai crescer e ele vai ser bem menos dependente, até deixar de ser dependente, porque eu vivi isso e tenho certeza que isso pode acontecer. Claro que depende de cada deficiência, mas tudo vai depender da forma como vai ser ajudado. Eu queria muito, não sei como, talvez mais pra frente, entrar com a Prefeitura, ou um Projeto Social, de a cada 15 dias, que seja, de dar o pontapé inicial para dar a oportunidade de inclusão social dos deficientes, que eles apareçam cada vez mais dentro do esporte. Eu vejo que isso é muito raro ainda, não faz parte da nossa cultura e eu queria que isso fosse criado, não só em Botucatu, mas na região”.

NOVIDADE EM BOTUCATU
“Desde o começo eu fui muito bem recebida, pois eu comecei a postar no Facebook os dias em que estava no estágio e no treino com os deficientes e vi uma abordagem muito grande de pessoas curiosas sobre o que eu estava fazendo com eles, se eu vou para as Paralimpíadas e até se eu virei técnica de natação. E não, ainda não sou técnica de natação, quero muito poder chegar nesse nível um dia. Eu não fui atleta de natação, mas eu to pretendendo me aprofundar nessa área para eu poder criar esse vínculo inicialmente. Essa abordagem eu achei muito grande e tenho tido bastante reconhecimento das pessoas, que me procuram para falar que conhecem um deficiente e para mostrar que já me conhecem. Por enquanto estou tentando encaixar dois novos alunos, mas pela questão de horário ainda não consegui”.

 AGRADECIMENTO
“Queria agradecer todo mundo que está me incentivando, minha família, meus amigos, os professores da academia que deram as minhas aulas quando eu não estava aqui, o clube que me abriu as portas, os meus alunos que me deram esse voto de confiança e vocês do Agência14News, que estão me abrindo essa porta enorme para ampliar a divulgação do meu trabalho. Se eu estou conseguindo realizar o meu sonho é graças a todo mundo que me ajudou a chegar até aqui”.

Redação 14 News

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