25 de abril de 2024
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Após 20 anos, primeiro tratamento contra picada de abelhas está cada vez mais perto de ser implantado

“Foram ao todo 20 anos de trabalho e estudo. Dezenas de pessoas envolvidas na sua concepção, desenvolvimento e testes. O primeiro tratamento específico contra picadas de abelhas está cada vez mais perto de chegar à população”, comentou o pesquisador Rui Seabra da Unesp de Botucatu sobre pesquisa para o soro que vai ajudar a salvar vidas.

Ele enfatizou também: “Agradeço a Deus e a todos os colaboradores por esta incrível oportunidade, inclusive a todos os 20 pacientes que foram tratados de forma pioneira no mundo com o Soro Antiapílico”.

Os pesquisadores responsáveis pelo projeto são Marcelo Abrahão Strauch, do Instituto Vital Brazil (IVB), e Rui Seabra Ferreira Júnior, do Centro de Estudos de Venenos de Animais Peçonhentos (Cevap) da Universidade Estadual Paulista.

Segundo o relatório do estudo, a segurança, dose mínima ideal e eficácia preliminar de uma nova geração de abelhas africanizadas ( Apis mellifera) antiveneno (AAV) foram avaliados. Foi estudado um ensaio clínico de fase I / II, multicêntrico, não randomizado e de braço único envolvendo 20 participantes apresentando múltiplas picadas. Os participantes receberam 2 a 10 frascos de AAV com base no número de picadas, juntamente com um esquema de tratamento adjuvante, sintomático e complementar predefinido.

Vinte participantes adultos, 13 (65%) homens e 7 (35%) mulheres, com mediana de idade de 44 anos e superfície corporal média de 1,92 m 2(mediana = 1,93 m 2) foram recrutados. O número médio de picadas foi de 52,5, variando de 7 a mais de 2.000. A gravidade do envenenamento foi classificada como 80% leve, 15% moderada e 5% grave. De acordo com o protocolo, 16 (80%) participantes receberam dois frascos de AAV, 3 (15%) seis frascos e um (5%) 10 frascos.

Resultados

De acordo com os pesquisadores “não houve interrupção do tratamento devido a eventos adversos agudos e não ocorreram reações adversas tardias. Dois pacientes apresentaram eventos adversos leves, apenas com coceira transitória na pele e eritrodermia. Todos os participantes completaram a infusão em duas horas e não houve perda de seguimento após a alta. Os ensaios ELISA mostraram concentrações de veneno variando entre 0,25 ng / mL e 1,479 ng / mL antes do tratamento. Os níveis de veneno diminuíram em todos os casos durante o período de hospitalização”.

Seguro para o uso humano

“Surpreendentemente, em nove casos (45%), apesar da recuperação clínica e sem sintomas, os níveis de veneno aumentaram novamente durante o atendimento ambulatorial 10 dias após a alta. A espectrometria de massa mostrou melitina em oito participantes 30 dias após o tratamento. Considerando os resultados de segurança promissores do produto experimental para o tratamento de ataques massivos de abelhas africanizadas, somados à eficácia na melhora clínica e diminuição imediata do nível de veneno no sangue, o AAV demonstrou ser seguro para uso humano”, traz outro trecho do relatório dos especialistas.

Quando deve ser usado

De acordo com os pesquisadores, o soro deve ser aplicado em casos de envenenamento tóxico, isto é, quando a pessoa é vítima do ataque de um enxame. Para os casos de indivíduos alérgicos picados por uma única abelha, o tratamento é específico e abrange medicamentos comuns.

O antídoto brasileiro é inédito. Atualmente, há 45 produtores de soros para animais peçonhentos no mundo, mas nenhum fabrica o soro para envenenamento tóxico por abelhas. O Brasil é pioneiro.

Após ganhar o registro, a disponibilização do soro será gratuita.Hoje, todo tratamento de picada de animal peçonhento só tem soro disponível na rede pública.

As pesquisas contaram com a colaboração do Laboratório de Farmacologia das Toxinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que realizou testes farmacológicos paralelos para avaliação do soro já produzido.

Acidentes

A abelha faz parte do grupo dos animais peçonhentos, que se caracterizam por possuírem glândulas que produzem e secretam veneno.

Picadas múltiplas de dezenas ou centenas de abelhas podem gerar intoxicação. Há casos de choque anafilático que podem levar o paciente à morte. A letalidade é alta por um ataque de múltiplas abelhas por causa da quantidade de veneno que o paciente recebe e não tem o antídoto.

A estimativa é que ocorram cerca de 10 mil acidentes com picadas de abelhas por ano no Brasil. O número pode ser muito maior, tendo em vista as subnotificações. Os acidentes por enxames de abelhas resultam em 40 óbitos notificados anualmente no Brasil.

O projeto contou ainda com apoio do Ministério da Saúde, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Redação 14 News

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